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A Biblioteca da Daniela

A Biblioteca da Daniela

O terceiro ano da minha licenciatura começou ontem, mas já tenho a agenda preenchida. Até agora, tenho 3 leituras obrigatórias para a cadeira de Literatura Portuguesa- Legado Moderno e Contemporâneo e, certamente, terei outros livros para ler para outras cadeiras. 

Para essa cadeira que referi, um dos livros (a primeira leitura obrigatória) será requisitado na biblioteca. Quanto aos outros dois, comprei-os depois da aula, já que tinha a tarde livre.

A segunda leitura para esta cadeira é História do Cerco de Lisboa, de José Saramago. Nunca li nada sobre este livro, portanto, acho interesse a escolha, por ser um livro que não é tão comentado como os outros títulos de Saramago. Aqui está uma sinopse retirada do site da Bertrand: «Há muito que Raimundo Silva não entrava no castelo. Decidiu-se a ir lá. O autor conta a história de um narrador que conta uma história, entre o real e o imaginário, o passado e o presente, o sim e o não. Num velho prédio do bairro do Castelo, a luta entre o campeão angélico e o campeão demoníaco. Raimundo Silva quer ver a cidade. Os telhados. O Arco Triunfal da Rua Augusta, as ruínas do Carmo. Sobe à muralha do lado de São Vicente. Olha o Campo de Santa Clara. Ali assentou arraiais D. Afonso Henriques e os seus soldados. Raimundo Silva "sabe por que se recusaram os cruzados a auxiliar os portugueses a cercar e a tomar a cidade, e vai voltar para casa para escrever a História do Cerco de Lisboa. Uma obra em que um revisor lisboeta introduz a palavra "não" num texto do século XII sobre a conquista de Lisboa aos mouros pelos cruzados.» (Diário de Notícias, 9 de outubro de 1998).


A terceira leitura é Os livros que devoraram o meu pai- A estranha e mágica história de Vivaldo Bonfim, de Afonso Cruz. Sempre quis ler algo deste autor, até porque ele é muito admirado e já li sinopses de outros livros e fiquei curiosa. Posto isto, fiquei contente quando reparei que irei, finalmente, conhecer a escrita de Afonso Cruz. Deixo aqui uma sinopse retirada do site da Bertrand: "Vivaldo Bonfim é um escriturário entediado que leva romances e novelas para a repartição de finanças onde está empregado. Um dia, enquanto finge trabalhar, perde-se na leitura e desaparece deste mundo. Esta é a sua verdadeira história — contada na primeira pessoa pelo filho, Elias Bonfim, que irá à procura do seu pai, percorrendo clássicos da literatura cheios de assassinos, paixões devastadoras, feras e outros perigos feitos de letras."





Este ano letivo já parece ser muito prometedor! Vamos lá ver se terei mais obras interessantes para ler!




Foi depois da visita à Casa Fernando Pessoa que encontrei, numa estação de metro, uma loja de livros em segunda mão, com novos à mistura. Ao entrar lá, deparei-me logo com muitos livros em bom estado e com bons preços. Na realidade, foi lá que encontrei uma edição simples de Mensagem, de Fernando Pessoa, a cinco euros. Era um dos livros que poderia ter comprado na Casa, mas decidi comprar lá um outro menos conhecido. Ainda bem que fiz esta escolha, porque um livro como este, a cinco euros, foi um bom achado.

Na mesma área de livros, encontrei um livro de poemas de Florbela Espanca. Para mim, Espanca é uma das poetas mais subvalorizadas do nosso país, o que é uma pena. Na minha humilde opinião, ela foi uma grande mulher, quer na poesia, quer na sua própria vida, até ao fim. Também custou cinco euros, ou seja, mais um bom achado para levar para os Açores.




Ainda não acredito que tenho finalmente estes livros na minha estante!


E vocês? Gostam de Florbela Espanca? Qual é o vosso poema favorito da Mensagem?









The Lunar Chronicles (na edição portuguesa, Crónicas Lunares) é uma coleção de quatro livros de Ficção Científica que reconta quatro contos tradicionais. O primeiro livro, Cinder, é uma transformação da história da Cinderela. Neste livro, seguimos a vida de Cinder, uma mecânica extremamente talentosa, mas que tem uma vida complicada por causa da madrasta e de uma das filhas dela. Além disso, é uma cyborg, ou seja, é humana, mas tem partes mecânicas devido a um acidente na infância. Tudo muda quando o herdeiro da sua nação, o príncipe Kai, lhe pede ajuda para consertar um android e quando a outra meia-irmã é uma das vítimas da doença que afeta o planeta inteiro. Cinder envolve-se em problemas políticos e acaba por ser uma cobaia em experiências focadas na cura da doença mortífera. No meio de tantos conflitos, como irá ela lidar com os seus sentimentos e com o futuro do planeta Terra?



É normal vermos recontos de histórias tradicionais na Fantasia, mas nunca tinha lido dentro do género da Ficção Científica. Portanto, gostei muito desta nova e fantástica experiência. A essência da história original está presente, mas com reviravoltas muito boas e intrigantes.


A ação passa-se num futuro em que já houve até uma Quarta Guerra Mundial, ou seja, o planeta Terra tem tecnologias mais avançadas e há vida na Lua, por exemplo, com regime monárquico e pessoas que podem controlar as mentes daqueles que não vivem lá. Além disso, os continentes estão divididos de formas diferentes e as monarquias são extremamente relevantes. É assim que a história da Cinderela é renovada, acrescentando-se cyborgs, androids, naves espaciais e personagens mais cativantes e não tão superficiais como no conto. É um enredo que consegue ser original, sem esquecer a sua verdadeira base. A coleção também baseia-se no anime Sailor Moon, já que, ao longo da coleção iremos conhecer um grupo de jovens que não são totalmente humanos e que querem salvar o planeta Terra e têm laços com a Lua, havendo, ainda, um habitante da Lua que é mesmo importante na história. Como alguém que cresceu a ver este anime, adorei a familiaridade que senti neste livro. Este livro é, portanto, uma lufada de ar fresco.



Luna | The Lunar Chronicles by Marissa Meyer
Luna, o reino de Levana, a vilã da coleção.


A escrita foi, praticamente, a única coisa que me atrapalhou ao longo da leitura devido aos termos técnicos. Li em inglês e, claro, houve alguns termos tecnológicos que eu não entendi. Contudo, isso não me deixou apreensiva quanto ao talento da autora. Ignorando esses termos, a sua escrita prende o leitor à história e, por isso, não demorei muito tempo a ler este livro. De facto, é o tipo de escrita ideal para este enredo envolvente e surpreendente.


As personagens são variadas e gosto tanto das personagens do lado do bem, como as do lado do mal. As do lado do mal são muito interessantes, misteriosas e astutas. Até a madrasta é interessante, apesar de não gostar nada das atitudes dela. Ainda assim, como uma espécie de vilã, aprecio esta figura. A personagem principal, Cinder, é uma das minhas favoritas, devido à sua força de vontade e por ser uma figura que representa as mulheres que lutam contra o machismo. O seu sarcasmo é um dos seus pontos fortes, bem como a sua sensibilidade e a maneira como se vê, na medida em que, apesar de reconhecer os seus defeitos, de pensar neles e de duvidar-se de si própria, ela não desiste e luta pela justiça. Em relação a Kai, ainda bem que ele não é vazio como o príncipe da história original. É um jovem que, tal como Cinder, reconhece os seus defeitos, mas é forte e não desiste. É também cativante devido ao seu sarcasmo. Uma outra coisa interessante neste livro é a diversidade. Como se passa em Eastern Commonwealth, um reimo que se situa no continente asiático, temos personagens chinesas, até porque esse reino situa-se na China do mundo real. É muito bom ver diversidade na literatura, principalmente quando há personagens com personalidades tão diferentes e fortes. Por fim, temos a rainha Levana, a monarca de Luna, que quer, por força, casar com o príncipe Kai e que usa o poder mental para controlar qualquer um. É, de certa forma, a típica vilã em busca de poder e que adora controlar os mais fracos, mas há uma vulnerabilidade que, certamente, será exposta ao longo da coleção. Há, portanto, personagens para todos os gostos.



-The Lunar Chronicles- : Photo
Tal como no conto, aqui, Cinder também perde o sapato. Bem, mais propriamente o seu pé mecânico.


Concluindo, Cinder é uma primeira garfada de uma coleção que promete ser saborosa. Com um enredo original que mostra a destreza de Marissa Meyer em pegar em contos tradicionais e transformá-las e com personagens que parecem ser reais e que são inspiradoras, este primeiro livro promete conquistar leitores que adoram as típicas histórias de encantar, mas que procuram por inovação.


Classificação: 4.5/ 5 estrelas.










A Ilha das Quatro Estações é um romance de Jovens-Adultos contemporâneo que se centra em quatro personagens, Catarina, Santiago, Misha e Rute, embora tenhamos apenas dois pontos de vista, o de Catarina e o de Santiago. Os quatro jovens encontram-se na Ilha das Quatro Estações, um lugar pacífico para jovens com problemas pessoais. A Ilha encontra-se, de facto, dividida em quatro partes, cada uma correspondendo a uma estação do ano. Neste local, os jovens irão viver momentos intensos e aprenderão a lidar com os seus problemas. No entanto, nem tudo é tão bom quanto isso e há mistérios por descobrir e segredos por desvendar.


Tinha grandes expetativas em relação a este livro quando o comprei. Tinha lido algumas críticas muito positivas e não encontrei nenhuma crítica razoável ou negativa. Muitos disseram que era um livro com uma escrita simples e que consegue captar a nossa atenção rapidamente. Além disso, disseram que os problemas de cada personagem foram bem abordados e são problemas muito atuais e que farão o leitor sentir compaixão e refletir. Concordo com estas afirmações e acrescento que é bom que haja autores portugueses a escrever livros YA (Young Adults, ou seja, Jovens-Adultos), mas, ainda assim, não gostei tanto quanto queria.


O enredo é enriquecido pela forma como as personagens lidam com os seus problemas pessoais. Temos desde a violência no namoro até depressão, mortes de pessoas queridas até vidas estragadas por coisas que poderiam não ter acontecido. Efetivamente, o livro é muito bom nessa parte, na forma como esses problemas são abordados e vividos pelas personagens. Contudo, a partir da sinopse, estava à espera de mais mistério e, talvez, de um certo toque de magia ou algo assim. Não foi explicado como é que a ilha funciona com as quatro estações do ano e, na verdade, esse assunto nunca foi referido pelas próprias personagens. Um outro ponto fraco do enredo é o excesso de clichés e, por sua vez, a falta de surpresa em relação a certos episódios da história. Foi importante o foco nos assuntos pessoais, mas o enredo não deveria ter ficado por aí. Foi bom ver diferentes tipos de relações entre pessoas, mas o foco nelas não deveria ter sido tão grande como foi. Uma outra coisa que eu não gostei foi do final abrupto e com pontas muito soltas. Os tais mistérios sugeridos pela sinopse foram levemente mencionados apenas nos últimos capítulos e nem foram tão especiais quanto isso. É bom que haja a sensação de que poderá haver um segundo livro, mas o fim foi mesmo muito rebuscado e os mistérios foram apresentados de uma forma rápida, mas nada alucinante. Deste modo, fiquei desiludida com o enredo em si.


Quanto à escrita, é, de facto, simples, mas, tal como o enredo, acaba por ter clichés. Muitos diálogos forçados e não tão genuínos quanto a autora tenta transparecer. Compreendo que o objetivo tenha sido apresentar conversas emocionantes relativamente aos problemas mencionados ao longo do livro, mas falta espontaneidade. Ainda assim, é a escrita ideal para jovens que não leem muito, pois, apesar destas falhas, o livro é, ainda assim, cativante e, apesar dos temas abordados, leve.



As personagens são, então, o ponto forte da história. Muito inspiradoras devido à sua resiliência e à forma como lidam com os seus problemas e com os dos outros. São personagens cheias de garra e de amor e podem ser bons modelos para o leitor.


Concluindo, A Ilha das Quatro Estações é um livro inspirador e uma aposta decente para jovens leitores. Todavia, peca pela forma como o enredo foi desenvolvido e pelos clichés abundantes. Ainda assim, a sua leitura consegue ser uma experiência positiva.



Classificação: 3/5 estrelas.