Fangirl, de Rainbow Rowell, centra-se em Cath, uma rapariga de 18 anos que inicia uma nova etapa na sua vida como adulta, a Universidade. Contudo, ela não quer deixar para trás um amor de infância: uma coleção de livros de Fantasia que se foca em Simon Snow e nas suas peripécias como mágico. Cath escreve fan fiction, ou seja, histórias criadas por fãs que querem alargar e/ou alterar o universo de um livro, de uma série televisiva ou de um filme. Parece ser algo inofensivo, mas a sua vida é demasiado "controlada" pela ficção. Além disso, ela também não sabe interagir com os outros, sofre de ansiedade e não acredita em si própria quando escreve outros textos para além de fan fiction. Portanto, como irá ela lidar com o afastamento da irmã, os problemas do pai e o aparecimento de Levi, um rapaz sorridente e extrovertido? Como irá ela lidar com a Universidade? Será ela capaz de encontrar um equilíbrio entre a realidade e a ficção?
Fangirl é um romance engraçado, razoavelmente leve (digo isto assim, pois aborda assuntos importantes, mas de forma simples) e ternurento. É, ainda, uma homenagem aos fãs, que são fundamentais não só para o sucesso de um livro, de uma série ou de um filme, como também expandem os horizontes dos mesmos. Como romance contemporâneo para Jovens-Adultos, Fangirl apresenta personagens jovens, mas quase adultas, credíveis e, com as quais, os mais novos se podem identificar. De facto, é um livro genuíno e quase perfeito. Digo quase perfeito, pois penso que certos temas não foram bem retratados. Ainda assim, mostra como é importante o equilíbrio entre a ficção e a realidade, isto é, é bom ler para nos afastarmos da realidade e, também, para aprendermos algo acerca dela através da imaginação. No entanto, também é importante ter os pés bem assentes na terra.
O enredo é muito simples, mas, se pensarmos bem, contém personagens e situações que não estão muito presentes na literatura contemporânea para os Jovens-Adultos (falo em relação ao mercado português). Por exemplo, temos a presença de personagens que sofrem de ansiedade, de depressão e de dislexia, bem como problemas com o álcool. Apesar de ser bom haver personagens que apresentam estas condições, não gostei muito da forma como elas foram tratadas. Foram tratadas de forma demasiado leviana ou, então, não houve uma pesquisa profunda relativamente a estas situações. Mas, agora, vou falar dos aspetos positivos.
Como há tantas personagens femininas, seria de esperar muitas cenas de rivalidade entre elas. No entanto, em relação a isso, este livro inova. Não quer dizer que as personagens femininas não tenham as suas discussões, mas, pelo menos, não servem para enaltecer as personagens masculinas e enfraquecer as femininas. Servem para mostrar que qualquer pessoa pode ter problemas com qualquer pessoa e que tudo pode ser resolvido através do diálogo e do esforço em perceber o outro. Deste modo, é bom ver um livro que não se foca em conflitos desnecessários entre raparigas devido a relações amorosas.
Um outro aspeto bom, e que é algo não muito frequente nos livros para Jovens-Adultos, é a presença da família. Já li muitos livros YA (Young-Adults, ou seja Jovens-Adultos) em que os pais ou outros elementos familiares existem, mas são mencionados apenas uma ou duas vezes e parecem não fazer parte da educação ou da vida das personagens mais novas. Neste caso, há um pai, que tem problemas do foro da saúde mental, mas não é menos pai por isso. De facto, mostra que a saúde mental deve ser levada a sério e que não é uma vergonha, nem sinal de fraqueza ou de incapacidade. Há, ainda, uma mãe que abandonou a sua família e que, anos depois, gostaria de entrar em contacto com as filhas. Também é uma situação rara neste tipo de histórias e, embora tenha sido tratada de forma rápida neste livro, mostra que Rainbow Rowell tinha a intenção de inovar o panorama dos romances para Jovens-Adultos ao incluir personagens e situações diferentes e realistas.
Relativamente à escrita, esta é simples, mas extremamente viciante. Repleta de humor, mas também de seriedade, permite que o livro tenha uma essência muito familiar, sendo capaz de cativar qualquer leitor. Faz-nos devorar páginas e mais páginas. Rainbow Rowell tem mesmo um dom. É uma escrita que parece ser muito natural e, assim, faz-nos apaixonar também pela história. Deste modo, a forma como Rowell escreve e a forma como cria enredos funcionam muito bem em conjunto.
Quanto às personagens, e como puderam ver nos parágrafos anteriores, elas são muito diversificadas e há de tudo um pouco para todos os leitores. Temos Cath, tímida, ansiosa, pouco destemida, mas querida e persistente, que adora escrever, falar sobre ficção e que tenta ajudar os outros. Temos Levi, um rapaz extremamente simpático, carinhoso e resiliente, que não permite que as adversidades da vida o façam desistir. Gostei muito da relação entre Cath e Levi, pois não é muito comum vermos a rapariga ser aquela que elogia mais a pessoa com quem namora. Também dá muitos mimos ao Levi e isso, certamente, deixará muitos leitores felizes. Depois, temos Wren, a irmã de Cath, e Reagan, a companheira de quarto de Cath, que são espíritos livres e que, de facto, passam por momentos menos bons, mas aprendem com os seus erros. Podem não mostrar os seus sentimentos, mas, lá no fundo, gostam dos seus amigos. Também quero destacar o pai da Cath e da Wren, que, apesar dos seus problemas, esforça-se sempre em ser um melhor pai.
Fangirl é um romance engraçado, razoavelmente leve (digo isto assim, pois aborda assuntos importantes, mas de forma simples) e ternurento. É, ainda, uma homenagem aos fãs, que são fundamentais não só para o sucesso de um livro, de uma série ou de um filme, como também expandem os horizontes dos mesmos. Como romance contemporâneo para Jovens-Adultos, Fangirl apresenta personagens jovens, mas quase adultas, credíveis e, com as quais, os mais novos se podem identificar. De facto, é um livro genuíno e quase perfeito. Digo quase perfeito, pois penso que certos temas não foram bem retratados. Ainda assim, mostra como é importante o equilíbrio entre a ficção e a realidade, isto é, é bom ler para nos afastarmos da realidade e, também, para aprendermos algo acerca dela através da imaginação. No entanto, também é importante ter os pés bem assentes na terra.
Fanart (fonte: Pinterest). |
O enredo é muito simples, mas, se pensarmos bem, contém personagens e situações que não estão muito presentes na literatura contemporânea para os Jovens-Adultos (falo em relação ao mercado português). Por exemplo, temos a presença de personagens que sofrem de ansiedade, de depressão e de dislexia, bem como problemas com o álcool. Apesar de ser bom haver personagens que apresentam estas condições, não gostei muito da forma como elas foram tratadas. Foram tratadas de forma demasiado leviana ou, então, não houve uma pesquisa profunda relativamente a estas situações. Mas, agora, vou falar dos aspetos positivos.
Como há tantas personagens femininas, seria de esperar muitas cenas de rivalidade entre elas. No entanto, em relação a isso, este livro inova. Não quer dizer que as personagens femininas não tenham as suas discussões, mas, pelo menos, não servem para enaltecer as personagens masculinas e enfraquecer as femininas. Servem para mostrar que qualquer pessoa pode ter problemas com qualquer pessoa e que tudo pode ser resolvido através do diálogo e do esforço em perceber o outro. Deste modo, é bom ver um livro que não se foca em conflitos desnecessários entre raparigas devido a relações amorosas.
Um outro aspeto bom, e que é algo não muito frequente nos livros para Jovens-Adultos, é a presença da família. Já li muitos livros YA (Young-Adults, ou seja Jovens-Adultos) em que os pais ou outros elementos familiares existem, mas são mencionados apenas uma ou duas vezes e parecem não fazer parte da educação ou da vida das personagens mais novas. Neste caso, há um pai, que tem problemas do foro da saúde mental, mas não é menos pai por isso. De facto, mostra que a saúde mental deve ser levada a sério e que não é uma vergonha, nem sinal de fraqueza ou de incapacidade. Há, ainda, uma mãe que abandonou a sua família e que, anos depois, gostaria de entrar em contacto com as filhas. Também é uma situação rara neste tipo de histórias e, embora tenha sido tratada de forma rápida neste livro, mostra que Rainbow Rowell tinha a intenção de inovar o panorama dos romances para Jovens-Adultos ao incluir personagens e situações diferentes e realistas.
Relativamente à escrita, esta é simples, mas extremamente viciante. Repleta de humor, mas também de seriedade, permite que o livro tenha uma essência muito familiar, sendo capaz de cativar qualquer leitor. Faz-nos devorar páginas e mais páginas. Rainbow Rowell tem mesmo um dom. É uma escrita que parece ser muito natural e, assim, faz-nos apaixonar também pela história. Deste modo, a forma como Rowell escreve e a forma como cria enredos funcionam muito bem em conjunto.
Quanto às personagens, e como puderam ver nos parágrafos anteriores, elas são muito diversificadas e há de tudo um pouco para todos os leitores. Temos Cath, tímida, ansiosa, pouco destemida, mas querida e persistente, que adora escrever, falar sobre ficção e que tenta ajudar os outros. Temos Levi, um rapaz extremamente simpático, carinhoso e resiliente, que não permite que as adversidades da vida o façam desistir. Gostei muito da relação entre Cath e Levi, pois não é muito comum vermos a rapariga ser aquela que elogia mais a pessoa com quem namora. Também dá muitos mimos ao Levi e isso, certamente, deixará muitos leitores felizes. Depois, temos Wren, a irmã de Cath, e Reagan, a companheira de quarto de Cath, que são espíritos livres e que, de facto, passam por momentos menos bons, mas aprendem com os seus erros. Podem não mostrar os seus sentimentos, mas, lá no fundo, gostam dos seus amigos. Também quero destacar o pai da Cath e da Wren, que, apesar dos seus problemas, esforça-se sempre em ser um melhor pai.
Fanart (fonte: Pinterest). |
Depois de tudo isto, podem ver que Fangirl não é apenas mais um livro sobre uma rapariga peculiar que se apaixona por um rapaz e, assim, a história não passa disso. Não, ainda bem que este livro é muito mais do que isso. O enredo tem muitos fios condutores interessantes. É verdade que, como mostrei, nem todos foram bem explorados, mas é um livro diferente por tentar ser mais realista e por ter uma escrita agradável e cativante. Deixa-nos a sorrir e faz-nos pedir por mais.
Classificação: 4/5 estrelas.
Classificação: 4/5 estrelas.