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A Biblioteca da Daniela

A Biblioteca da Daniela

Sabem qual é o livro que anda a ser muito falado ultimamente? To All the Boys I've Loved Before, de Jenny Han! Na versão portuguesa, editada pela Topseller, o título é A Todos os Rapazes que Amei.




É o primeiro livro de uma trilogia contemporânea para os Jovens-Adultos que narra a vida romântica atribulada de Lara Jean Convey, bem como outras aventuras da protagonista coreano-americana. 
A Netflix esteve a cargo da adaptação cinematográfica do primeiro volume e o público tem adorado o filme. Posto isto, verificou-se um aumento de vendas da trilogia de Jenny Han.


Eu, por acaso, vi o filme primeiro, pois a minha irmã estava muito curiosa e não queria que eu esperasse pelo livro, que tinha sido encomendado há uns dias. Gostei do filme. É adorável e engraçado. Espero gostar do livro também!


Sinopse da edição portuguesa retirada do site da Bertrand: «Guardo as minhas cartas numa caixa de chapéu verde-azulada que a minha mãe me trouxe de uma loja de antiguidades da Baixa. Não são cartas de amor que alguém me enviou. Não tenho dessas. São cartas que eu escrevi. Há uma por cada rapaz que amei — cinco, ao todo.
Quando escrevo, não escondo nada. Escrevo como se ele nunca a fosse ler. Porque na verdade não vai. Exponho nessa carta todos os meus pensamentos secretos, todas as observações cautelosas, tudo o que guardei dentro de mim. Quando acabo de a escrever, fecho-a, endereço-a e depois guardo-a na minha caixa de chapéu verde-azulada.
Não são cartas de amor no sentido estrito da palavra. As minhas cartas são para quando já não quero estar apaixonada. São para despedidas. Porque, depois de escrever a minha carta, já não sou consumida por esse amor devorador. Se o amor é como uma possessão, talvez as minhas cartas sejam o meu exorcismo. As minhas cartas libertam-me. Ou pelo menos era para isso que deveriam servir.»



Alguém já leu este livro?




Autora: Leigh Bardugo
Título Original: Wonder Woman: Warbringer
Editora: Topseller
Tradução: Rui Azevedo
Revisão: Manuela Laranjeira

ISBN9789898869265
1.ª edição: outubro de 2017
Páginas: 384
Apresentação: Capa mole 



Neste romance de Fantasia para Jovens-Adultos, seguimos os passos da princesa Diana, ou Mulher-Maravilha, uma das grandes heroínas da DC Comics. 
Diana está a meio de um desafio na sua ilha de Amazonas, Themyscira, quando se dá conta de um naufrágio. Embora saiba que nenhum mortal pode pisar a ilha, a princesa resgata uma humana, Alia Keralis, mas acaba por descobrir que Alia não é uma rapariga qualquer, mas sim uma Dama da Guerra, descendente da Helena de Tróia. As Damas da Guerra , sem querer, provocam o caos na Terra e, por isso, há pessoas que tentam matá-las para impedir acontecimentos horríveis.
Ao descobrir que há uma forma de travar essa maldição no Mundo dos Homens, Diana abandona a ilha e irá enfrentar obstáculos incríveis, questionando mesmo as suas próprias capacidades como Amazona.
Portanto, irá Diana conseguir salvar Alia e evitar uma nova guerra mundial, ou o mundo irá sofrer novamente?



Como já indiquei no título, Mulher-Maravilha: Dama da Guerra é o primeiro livro de uma coleção focada nas versões jovens de heróis da editora de banda desenhada DC Comics. Neste primeiro livro, temos a Wonder Woman e a sua ingenuidade em relação ao mundo mortal, governado, muitas vezes, pela ambição e pela mentira. O segundo livro é sobre o Batman. O terceiro e o quarto livros têm a ver com a Catwoman e o Superman, respetivamente.
Para escreverem estes livros, foram convidados autores que já têm alguma experiência em criar histórias para o público Jovem-Adulto. Assim, não poderiam ter escolhido alguém melhor do que Leigh Bardugo para dar uma nova luz a esta personagem emblemática, pois não só Bardugo adora Wonder Woman, como também é muito talentosa e muito acarinhada pelos seus jovens leitores.


Por falar em talento, Bardugo prova, mais uma vez, que é muito habilidosa a escrever de forma a captar a curiosidade do leitor. Contudo, acaba por não nos dar muitas informações quanto ao universo criado pela DC Comics relativamente às Amazonas e Themyscira. É claro que estão no livro, mas não em número suficiente. Outras Amazonas, embora presentes, não têm muito tempo de antena. Não teria sido interessante se uma delas tivesse interferido nos planos de Diana? E se tivesse havido mais seres mitológicos na narrativa? Mais uma vez, estão presentes, mas não por muito tempo. Aliás, quando Diana e os novos amigos dela entram em confronto com esses outros seres, essas cenas não parecem ser muito bem executadas devido à rapidez. Diana pode ter origens divinas, força sobre-humana e conhecimentos quanto aos monstros, mas não tem experiência. Portanto, penso que essas cenas deveriam ter sido elaborados de outra forma.
De qualquer forma, como estrutura com princípio, meio e fim, o enredo está muito bem organizado. Não tem muitas surpresas e há a sensação de ser uma leitura lenta, mas continua a ser uma boa leitura. Quando há momentos com mais ação, nota-se o cuidado em criar as lutas e os contratempos. Os melhores momentos são quando Diana enfrenta os mortais, não só porque as descrições são muito boas, como também ela aprende muito acerca dos humanos, até porque ela é vítima de traições e do orgulho humano. Essa aprendizagem faz o leitor refletir imenso acerca da natureza humana, isto é, o leitor aprende alguma coisa com Diana.



DC Aesthetics: Wonder Woman
Imagem retirada do Pinterest.

Leigh Bardugo também tem sido aplaudida pela inclusão e pela diversidade presentes nos seus livros. Neste caso, temos Diana, uma jovem esbelta e que não é gozada por ser alta e ser relativamente musculada. Na realidade, ela é admirada pela sua força e pela sua destreza, bem como pela sua inteligência e pela sua rapidez em atuar em situações de alto risco. Temos, ainda, Alia e Jason Keralis. Irmãos com sangue grego e afro-americano. Além disso, Alia adora ciência e tecnologia e é como um incentivo para as meninas que querem seguir estas áreas que, ainda hoje, são muito dominadas pelos homens. Depois, temos Nim, uma indiana lésbica que adora moda e é a melhor amiga de Alia. Ela não tem medo de mostrar aos outros quem ela é. Por fim, há o Theo Santos, um rapaz de ascendência brasileira engraçado e que não se deixa ser corrompido pela ambição.
Quanto a outras personagens, apesar da presença breve das Amazonas, Bardugo foi fantástica ao criar um grupo muito diversificado, na medida em que elas vêm de várias partes do mundo. Junta-se, ainda, o destaque às deusas gregas. 
Deste modo, este livro tem muito girl power e mensagens maravilhosas relacionadas com temas muito atuais, como a sexualidade, o feminismo e mensagens contra o racismo. É um livro que mostra que as personagens com cores de pele diferentes e orientações sexuais diferentes não deveriam servir apenas como adereços. Têm as suas identidades únicas e os seus próprios papéis para desempenharem.


Wonder Woman: warbringer
Imagem retirada do Pinterest.
Em suma, Mulher-Maravilha: Dama da Guerra é um bom começo para esta coleção prometedora. Tem uma escrita simples, mas não foi uma leitura rápida (para mim, pelo menos). Não deixa de ser uma narrativa muito interessante, sendo o seu ponto forte as personagens completamente credíveis e que são uma chamada de atenção para a necessidade de haver histórias diversificadas numa literatura predominantemente masculina, branca e heterossexual. Com alguns toques (que souberam a pouco) de mitologia grega e poucos, mas bons momentos de ação, aconselho a leitura deste livro de Leigh Bardugo.


Classificação: 4/5 estrelas.


Ontem, comprei um livro de contos. Hoje, recebi uma encomenda. Como nunca mais escrevi publicações sobre as minhas aquisições literárias, porque não fazer uma hoje?

Em primeiro lugar, temos Histórias da Terra e do Mar, de Sophia de Mello Breyner Andresen. Adoro a poesia de Sophia e já tinha lido um livro de contos dela, Contos Exemplares, para uma das minhas cadeiras da minha licenciatura. Claro que fiquei com vontade de conhecer mais a Sophia como escritora de narrativas e, por isso, comprei este livrinho ontem.


Sinopse retirada do site da Bertrand:

«Uma opacidade especial parece formar-se em torno dos escritores que fizeram da clareza um imperativo. Talvez em nenhum outro livro, como neste, esse destino que também coube a Sophia de Mello Breyner Andresen se mostre com tanta evidência. Livro trágico de princípio a fim, transporta todos os sinais do confronto com o sentido enquanto experiência do caos, que a muitos se afigura incompatível com a luminosidade apolínea que a prosa apuradíssima destas Histórias parece ter o segredo de produzir. E como acontece a todos os textos a que o adjectivo "trágico" se pode aplicar sem distorção, também a arte de contar está aqui bem longe de ser deixada no sossego clássico, quase infantil, que o título enganadoramente sugere.»




Quanto a encomendas, na realidade, escolhi dois livros há uns dias atrás, mas só um chegou hoje. O outro saiu mais tarde da Book Depository. Recebi, então, To Kill a Kingdom, de Alexandra Christo. É um livro de temáticas marítimas e, como raramente leio livros desses, decidi arriscar e comprar este.



Sinopse traduzida e adaptada por mim (sinopse original disponível na contracapa do livro):

A princesa Lira é uma sereia temida pelo mar inteiro até ser transformada em humana pela Rainha do Mar. Agora, Lira deve entregar o coração do infame assassino de sereias ou será humana para sempre.
O príncipe Elian é o herdeiro do reino mais poderoso do mundo e o capitão de uma equipa mortífera de assassinos de sereias. Quando ele resgata do oceano uma mulher afogada, ela promete que irá ajudá-lo a destruir as sereias para sempre. Contudo, ele não tem maneira de saber se deve confiar nela....



O mês de setembro começou bem, não acham?





The Winner's Curse (na tradução portuguesa: A Maldição do Vencedor), de Marie Rutkoski, marca o início de uma trilogia de Fantasia com fortes influências da história greco-latina que promete deixar o leitor sedento por mais.
Neste primeiro volume, seguimos as pisadas de Kestrel, filha de um general poderoso de Valoria, um grande império. A jovem tem duas opções relativamente ao seu futuro: ou faz parte do exército, ou casa-se. Contudo, ela não quer combater e também não quer estar nas mãos de um marido e, por isso, muitas vezes, rebela-se contra o pai. Ao passear pela cidade, Kestrel encontra Arin num leilão de escravos. Devido ao ambiente que a rodeava, ela compra-o, pagando um preço elevado. Em todos os sentidos. Quem é o misterioso rapaz que a desafia e que parece ser um belíssimo cantor? O que esconde Arin?


Apesar de ter lido o livro em maio, por vezes, penso nele e na mestria de Rutkoski em criar uma narrativa tão intensa e interessante como esta. Estamos perante um enredo repleto de intrigas, onde ser-se estratégico, inteligente e cuidadoso é um lema para quem quer ver os seus planos realizados.
A autora fez um excelente trabalho em criar táticas fascinantes, não só a nível de lutas físicas e de guerras, mas também entre quanto a jogos psicológicos.
Estamos, então, perante um livro que explora as relações humanas, quer o seu lado melhor, quer o seu lado pior. Não há momentos parados, pois há sempre ideias a aparecerem, planos a serem elaborados, vinganças a serem organizadas. É uma história que nos deixa com vontade de ler mais. Chega a ser extremamente viciante e o leitor sente que deve levar o livro para qualquer lado, uma vez que ele nos proporciona momentos entusiasmantes, capazes de nos fazer abandonar as nossas rotinas aborrecidas.
Um outro aspeto muito bom é a importância de realçar bem o contraste entre a vida de uma pessoa privilegiada e a vida de um escravo. A personagem principal feminina vive no meio da riqueza e, embora tenha noção da existência da escravatura e das consequências desastrosas de uma guerra anterior, ela nunca irá entender como é exatamente a vida de um escravo. Aliás, no início da história, Kestrel sente pena e compaixão relativamente àqueles que saíram prejudicados da guerra, mas nunca partilhou os seus ideais quanto à situação em causa. Tudo muda quando ela "compra" Arin. Ele será aquele que irá despoletar ação por parte da Kestrel. É ele que irá representar as vítimas das guerras, os escravos, e irá fazer a heroína questionar tudo o que a rodeia.


The Winner's Curse by Marie Rutkoski
Imagem retirada do Pinterest.


Por falar em personagens, Rutkoski, tal como na construção do enredo, foi impecável em criar personagens representativas, isto é, cada uma representa um tipo de vida e de pessoa. Como já referi, Kestrel representa aqueles que reconhecem o seu privilégio e o estado do mundo, mas não fazem muito para mudar a situação. Também representa a força feminina através da sua inteligência e astúcia, mas não tanto pela força física. Arin é aquele que quer lutar pelos seus e contra os opressores. Mostra, ainda, os sentimentos conflituosos de quem passa a conhecer o outro lado da luta. Já o pai da Kestrel é uma autêntica imagem das pessoas sedentas por poder e conquistas infinitas, pondo em causa a liberdade dos outros. Os amigos de Kestrel são aqueles que ignoram por completo as injustiças que os outros enfrentam, focando-se somente na riqueza e no divertimento.
Deste modo, temos um romance com personagens muito bem arquitetadas.


The Winner's Curse
Imagem retirada do Pinterest,
Tradução feita por mim: Não é isso que as histórias fazem? Tornar coisas reais falsas e coisas falsas reais?

Tudo isto foi possível graças à escrita envolvente de Marie Rutkoski, sendo também genial em organizar uma história de Fantasia inovadora, até porque não envolve os elementos habituais de um livro Fantástico, como magia, dragões e afins. Contudo, é bom saber que esta trilogia baseia-se na História, mais concretamente no tempo em que os romanos conquistaram a Grécia e escravizaram os gregos. Assim, a autora mostra uma grande capacidade para "reformular" momentos históricos grandiosos.



Bertrand.pt - A Maldição do Vencedor
Capa da edição portuguesa.


The Winner's Curse é o primeiro passo numa viagem avassaladora focada na injustiça, na opressão, na dor, mas também no amor e na vontade de lutar por algo melhor. Com personagens cativantes e um enredo magnificamente construído, The Winner's Curse é ideal para quem adora livros inteligentes e que analisam a mente humana.


Classificação: 4.5/5 estrelas.