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A Biblioteca da Daniela

A Biblioteca da Daniela

O sonho de ir à Feira do Livro de Lisboa surgiu quando, ao crescer, reparei que existia uma grande feira no território continental. Era uma feira tão grande que até aparecia na televisão. Depois, juntei-me às redes sociais. Aí, percebi o quão fantástica era a Feira. As pessoas gostavam de lá ir para aproveitar os descontos, para conhecer autores, para passear com a família e os amigos, etc. Portanto, é um evento literário que fascina muita gente num país que, segundo as estatísticas, não lê muito. Curioso, não acham?
Portanto, a Feira sempre foi algo que me encantou. Lá estava eu, em São Miguel, a ver as fotografias  de pessoas que viviam em Lisboa e arredores. Pessoas que podiam aproveitar os preços simpáticos e conhecer autores talentosos. Mas, este ano, a conversa é outra, pois posso lá ir desta vez!

Fui lá ontem, o dia da estreia. Cheguei pelas 14h30 e não havia muita gente ainda. Vi quase todos os pavilhões e fiquei abismada por ver algo tão grande quanto esta Feira. Foi a primeira vez que percebi que este país, de facto, valoriza a literatura.

O sol e o céu azul deram as boas-vindas a uma nova edição da Feira do Livro de Lisboa!

Vi os pavilhões da Leya, da 20|20 Editora, da Editorial Planeta, da Porto Editora, da Editorial Presença, entre outros. Foi tão bom ver tantos livros e o interesse das pessoas pelos títulos que tinham nas suas listas de compras há tanto tempo.


Eu não tinha exatamente uma lista. Decidi que seria melhor apenas explorar as estantes e ver o que saía dessa aventura. 
No caso dos pavilhões da 20|20 Editora, vi muitos livros extremamente interessantes, mas já tinha um livro em mente, Serás real?, de Francesca Zappia, publicado pela chancela Topseller. Já tinha lido  um outro livro da autora, Eliza e os seus monstros, e gostei imenso da escrita dela. Até fiz um trabalho sobre este romance para uma das cadeiras do meu mestrado. Claro que tinha de comprar o outro livro o mais rapidamente possível.  Serás real? custa 18,79€, mas, na Feira, estava a 16,91€. 
O outro livro que comprei na 20|20 Editora foi O Crime do Vencedor, de Marie Rutkoski. Li o primeiro livro em inglês (The Winner's Curse) e foi um dos livros que mais gostei no ano passado. Quando vi que estava a 7€ na Feira (o preço original é 17,69€), pensei que deveria aproveitar esta oportunidade para ter, finalmente, o segundo volume da trilogia. O primeiro livro também custa 7€ na Feira.
Ao pagar, comprei também o saco de pano que podem ver na imagem. Custa 1,50€.


Um livro que continua uma história inspirada na Antiguidade Clássica e um livro contemporâneo sobre a saúde mental e a vida adulta.


Nesta imagem, podem ver alguns pavilhões da 20|20 Editora, bem como sítios para os leitores poderem ler!


Nos pavilhões da Leya, o visitante pode ver os livros de todas as chancelas do grupo editorial. Têm livros para todas as pessoas de todas as idades. Adorei ver os pais com os seus filhos a procurar pelas estantes e tentar encontrar as suas próximas leituras. Na secção da chancela Gailivro, comprei um Um de nós mente, de Karen M. McManus. Este thriller conquistou muitos leitores jovens portugueses. Depois de ler tantas críticas positivas, tive mesmo de o comprar.

Um de nós mente é um thriller onde 4 estudantes são os principais suspeitos da morte de um colega!

Tirei a fotografia ao sair, muito contente, dos pavilhões da Leya.

O último livro que comprei ontem foi um livro em inglês no pavilhão da Fnac. Posso estar enganada, mas acho que é o único que vende livros em inglês na Feira. Comprei The Hate U Give, de Angie Thomas, um romance YA contemporâneo inspirado no movimento social americano Black Lives Matter. Na altura de pagar, deram-me este saco verde. Repito, deram-me!

A capa desta edição é o cartaz da adaptação cinematográfica deste livro inspirador e real.

Para além de ver tantos livros num único espaço, um outro aspeto que me impressionou foi a presença de vários lugares de comida, de gelados e de outras coisas deliciosas. A Feira está bem preparada para quem deseja passar o dia todo lá sozinho ou acompanhado. Também há espaços para os amigos caninos beberem água!

Até agora, estou a adorar a experiência! Espero ir lá mais algumas vezes, principalmente nos dias das sessões de autógrafos, pois quero conhecer autores que ainda não conheci, como Afonso Cruz e Teolinda Gersão.

Concluindo, foi um belo dia repleto de livros, de sol e de boa disposição. Espero que esta Feira dure mais umas 89 edições!






Illuminae, da dupla Amie Kaufman e Jay Kristoff, é o primeiro livro de uma trilogia de Ficção Científica que veio alterar a forma como se conta uma história sobre o espaço, naves, a inteligência artificial e a ganância humana através de emails, relatórios médicos, ficheiros militares, entrevistas e outros documentos.



Estamos no ano de 2575 e seguimos a aventura de Kady que, numa manhã, pensava que o único problema que teria de enfrentar era acabar com o namorado, Ezra. No entanto, os dois estão no meio de uma guerra entre duas coorperações rivais que acaba por destruir o planeta das duas personagens. Entretanto, surge, ainda, uma praga que sofre mutações, deixando morte e devastação pelo caminho. É, portanto, um livro repleto de enigmas e ação. É uma leitura que, rapidamente, capta a atenção do leitor. A história está bem desenvolvida, não há momentos mortos e o formato usado é algo único e curioso. O facto de ser contado através de ficheiros que parecem ser oficiais pode assustar os leitores menos experientes no género da Ficção Científica, mas a leitura dos mesmos é muito simples e habituamo-nos depressa à sua forma. É um conceito original e muito interativo, parecido com os vídeo jogos, mas em papel.

The Illuminae files Kady and Ezra
Fanart retirada do Pinterest.

Devido ao formato, pode haver dúvidas quanto à qualidade da escrita. Afinal, uma história contada através de documentos não é a mesma que uma história com um narrador propriamente dito. No entanto, para poderem usar este formato de narração, é mesmo necessário um certo talento com as palavras. A escrita deve ser simples e interessante e não deve fazer o leitor fugir por ser algo novo. Esta dupla conseguiu, então, escrever de maneira acessível e fluida, o que, muitas vezes, não acontece em livros de Ficção Científica. Na realidade, é recorrente vermos uma história complexa com uma escrita impenetrável. Não é o que acontece com Illuminae.
É necessário relembrar que este livro foi escrito a quatro mãos, ou seja, por duas pessoas que, certamente, têm estilos muito diferentes. Apesar disso, conseguiram harmonizar os seus talentos e criaram uma história espantosa e viciante.


As personagens foram também bem concebidas. Parecem-nos muito vívidas e tornam a história mais real, na medida em que o leitor entra mesmo na história e não quer sair dela, pois quer continuar a saber mais sobre as personagens. Destaco Kady, pois é uma rapariga que tem habilidades na área da programação. Cada vez mais aparecem personagens femininas que destroem as típicas imagens ligadas à mulher, isto é, mulheres preocupadas com compras, maquilhagem, namorados, etc. A existência de tais personagens não é inválida e, claro, podem existir, até porque há mulheres assim na vida real e não há problemas quanto a isso. No entanto, é preciso alterar a ideia de que as mulheres não conseguem ocupar lugares ou ter capacidades que, normalmente, são associados aos homens. Neste caso, é bom ver uma jovem que consegue hackear e alterar e aceder a programas de computadores, não sendo apenas uma adolescente com problemas amorosos. Kady acaba por ser uma personagem muito diferente daqueles que existem nos livros Young Adult. A personagem masculina, Ezra, ao contrário de outros rapazes literários, é emotivo e faz tudo para salvar quem ama. São personagens que, de certeza, irão cativar, principalmente, os leitores mais jovens.
Uma outra personagem importante é o programa que equivale à Inteligência Artificial. Ao dialogar com Kady, o programa faz decisões e tem pensamentos humanos, deixando, no ar, o medo de que, talvez, um dia, aconteça o mesmo na vida real. Será que a tecnologia irá eventualmente conseguir vencer o ser humano? Será que a Inteligência Artifical irá superar a inteligência humana? Penso que a o lado "racional" deste programa tornou o livro ainda mais estimulante e, de certo modo, assustador.

#illuminae
Uma das frasesmais emblemáticas do livro. Imagem retirada do Pinterest.

Concluindo, Illuminae é um forte ponto de partida para uma trilogia que promete inovar a Ficção Científica, usando, de forma inovadora, os elementos científicos típicos do género. Explora bem o ser humano, principalmente a partir do foco de dois adolescentes. É um livro alucinante que nos deixa a pensar sobre as capacidades da tecnologia e como a Humanidade deveria ser mais responsável e cuidadosa para que não seja destruída. Aconselho a leitura desta história explosiva a leitores que admiram naves espaciais, personagens aventureiras e momentos cheios de ação.



Classificação: 4.5/5 estrelas.