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A Biblioteca da Daniela

A Biblioteca da Daniela

Devido à pandemia, praticamente todas as editoras portuguesas suspenderam os lançamentos dos próximos tempos. Isto significa que, por enquanto, não poderei escrever sobre os lançamentos mensais do mundo editorial português. Apesar disso, os EUA continuam a lançar livros, ou seja, continuarei a fazer publicações sobre livros em inglês.


Para o mês de abril, selecionei 3 lançamentos que despertaram a minha curiosidade.


Em primeiro lugar, temos Ghost Squad, de Claribel A. Ortega. É um livro infantojuvenil sobre duas crianças, Lucely e Syd, que, acidentalmente, com um feitiço, fizeram acordar espíritos malignos, provocando estragos em St. Augustine. Portanto, têm de lutar contra os espíritos e resolver a situação com a ajuda da avó bruxa de Syd, Babette, e do seu gato Chunk antes que seja tarde demais.

É o livro perfeito para os fãs da série televisiva Stranger Things e dos filmes Coco e Ghostbusters.

Foi lançado no dia 7 de abril pela Scholastic Press. Por acaso, encomendei o livro no início do mês. Tive alguns problemas com a encomenda, mas a Book Depository resolveu a situação rapidamente e o livro saiu dos armazéns no dia 6 de abril. Recebi o livro hoje e ele é lindo!


A seguir, temos
Incendiary, de Zoraida Córdova. Tem como protagonista Renata, que era apenas uma criança quando foi raptada pela coroa. Como uma ladra de memórias, a Moria mágica mais rara e temida, ela foi usada para executar a Raiva do rei, um cerco que resultou na morte de milhares de pessoas do seu próprio povo.
Agora, Renata é uma dos Whispers, uma espia rebelde que trabalha contra a coroa. Quando Dez, o comandante dela (e o rapaz por quem acabou por se apaixonar) é capturado pelo notório Príncipe Dorado, Renata deve regressar ao palácio e completar a missão secreta dele. Poderá ela esconder-se mesmo quando anseia por vingança contra o príncipe brutal e enigmático? A sua vida e o futuro de Moria dependem disso.
Mas regressar ao palácio desperta lembranças há muito tempo trancadas. À medida que Renata fica cada vez mais embrenhada na corte real, ela descobre um segredo que poderia mudar o futuro de todo o reino e acabar com a guerra que lhe tirou tudo.

Foi lançado pela Hodder & Stoughton no dia 28 de abril. 



Incendiary (Hollow Crown, #1) by Zoraida Córdova
Sinopse original.


Para terminar, temos The Silence of Bones, de June Hur. A ação situa-se em 1800, em Joseon (Coreia). Seol é uma órfã de 16 anos que tem saudades de casa e vive segundo uma maldição antiga: Que vivas em tempos interessantes. Trabalhando no escritório da polícia, ela foi incumbida de ajudar um jovem inspetor muito respeitado na investigação de um assassinato político de uma mulher nobre.
Enquanto descobrem os segredos da mulher assassinada, Seol forma uma amizade improvável com o inspetor. No entanto, a lealdade dela é testada quando ele passa a ser o suspeito principal e Seol pode ser a única capaz de descobrir a verdade.
Contudo, numa terra onde o silêncio e a obediência são valiosos, a curiosidade pode ser letal.


St. Martin's Press lançou este livro no dia 21 de abril.



The Silence of Bones
Sinopse original.


Por agora, é tudo. O que acham destas novidades americanas?



Na primeira publicação que fiz sobre livrarias e editoras pequenas e independentes, uma leitora do blogue, Bárbara Ferreira, deixou um comentário sobre como, ultimamente, tem apoiado algumas livrarias e editoras. Como desconhecia as campanhas destas empresas, decidi que seria boa ideia falar sobre elas aqui.


A Planeta Tangerina é uma editora que trabalha com o formato álbum e publica livros para miúdos e graúdos. Já recebeu alguns prémios, como "Editora Revelação" - Prémios LER/Booktailors 2009 e o Prémio BOP - Melhor Editora Infantil Europeia. Já foi, também, nomeada para o prémio internacional ALMA (Astrid Lindgren Award) em 2012 e 2013.
Durante esta semana, a Planeta Tangerina vai adotar uma livraria todos os dias. Irá dar 35% do valor das vendas na loja online da editora a 7 livrarias: Arquivo (Leiria), Centésima Página (Braga), Faz de Conto (Coimbra), Fonte de Letras (Évora), Palavra de Viajante (Lisboa), Salta Folhinhas (Porto) e Tigre de Papel (Lisboa). Para incentivar mais o leitor, a editora oferece os portes de envio, bem como os habituais 10% de desconto.
Esta campanha terminará no dia 3 de maio.



A imagem pode conter: texto
Logótipo da editora na sua página de Facebook.


A Arte de Autor é uma editora de banda desenhada. Na loja online, podem ver que a editora tem portes grátis e 10% de desconto em todos os livros, sendo que alguns têm até 25% de desconto.


Arte de Autor
Logótipo da Arte de Autor.


De seguida, temos a Livros Cotovia, uma editora que ainda aposta regularmente nos textos dramáticos, publicando, também, ensaios, ficção e poesia. Tem mais de 700 livros editados e mais de 350 autores.
Organizaram uma Feira do Livro em Casa entre os dias 10 e 24 de abril. Nesses dias, todo o catálogo (menos os livros abrangidos pela Lei do Preço Fixo) tinha 40% de desconto. Neste momento, não têm campanhas, mas fiquem atentos. Nunca se sabe se terão estes descontos novamente.


Livros Cotovia
Logótipo da Livros Cotovia.


A Livraria Leituria faz parte da RELI (Rede das Livrarias Independentes). É um espaço que foi criado, em 2015, por dois livreiros e uma designer. Focavam-se muito em novas edições, mas, a partir de 2019, também passaram a vender livros usados. Neste momento, têm a campanha Ler o mundo em casa não custa, que consiste em portes gratuitos até ao dia 10 de maio, sendo válido para encomendas de valor mínimo de 5€.


Nenhuma descrição de foto disponível.
Logótipo da Livraria Leituria na sua página de Facebook.


A Livraria Distopia também faz parte da rede RELI e entra nas duas campanhas da rede, Livraria às Cegas e Fique em casa, mas não fique sem livros!. Não só vendem livros em português, como também têm livros em inglês. Vendem, ainda, revistas sobre arte, cinema, política, etc.


A imagem pode conter: texto que diz "LIVROS DISTOPIA MÚSICA PAPELARIA"
Logótipo da livraria na sua página de Facebook.


Para terminar a lista da Bárbara, temos a G Floy, que é uma das principais editoras de banda desenhada e romances gráficos portuguesas. É esta editora que publica cá grandes histórias que são conhecidas mundialmente, como SAGA e The Wicked + The Divine, bem como títulos selecionados da Marvel.
Durante a quarentena, na encomenda de três ou mais livros, a editora oferece um desconto de 30% em livros com mais de dezoito meses. Também oferece 10% de desconto e portes grátis na compra de dois livros ou mais.


Logótipo da G Floy.


Gostaria de acrescentar os serviços da Livraria SolMar, em São Miguel, Açores. Os clientes podem receber os livros em casa, sem custos, nas segundas e nas quintas. Podem ver sugestões do livreiro na página de Facebook da loja. 



Nenhuma descrição de foto disponível.




Por agora, é tudo. Mais uma vez, obrigada, Bárbara Ferreira, por teres falado sobre estas livrarias e editoras quando deixaste um comentário na publicação de ontem. 
A Bárbara também é blogger. Se quiserem visitar o seu espaço, cliquem aqui.





Infelizmente, devido ao novo coronavírus, o setor livreiro, tal como os restantes setores, está a sofrer imenso, verificando-se uma queda nas vendas que ronda os 80%. Durante e após esta pandemia, muitas livrarias e editoras (principalmente as pequenas e as independentes) poderão fechar. Para tentar lutar contra isso, já foram criadas iniciativas para ajudar livrarias e editoras a obter algum lucro apesar da situação.


Por exemplo, foi criada a RELI, Rede de Livrarias Independentes. Esta rede "é uma associação livre de apoio mútuo composta por livrarias de todo o território português sem ligação a redes e cadeias dos grandes grupos editoriais e livreiros". Já escreveram uma carta aberta ao Presidente da República, à Ministra da Cultura, entre outras pessoas, afirmando que, "com muito conhecimento acumulado, com uma importância crescente no panorama editorial e cultural português, os livreiros das livrarias independentes — as novas como as outras — têm um papel fundamental a desempenhar na promoção dos autores e na difusão do livro e da leitura" e, por isso, "compete-nos a nós procurar soluções alternativas, é certo, e por isso constituímos esta rede livreira. Mas se não pudermos contar com o apoio e a colaboração dos poderes públicos, os nossos esforços individuais dificilmente conseguirão atingir os objetivos imediatos que todos deveremos pretender: sobreviver com o mínimo de dignidade e de danos colaterais". A RELI, na mesma carta, fez propostas de como o governo poderia ajudar um setor que, já de si, era muito frágil muito antes de o vírus ter chegado a Portugal.


Em vez de estarem à espera das respostas do Ministério da Cultura, este grupo de livreiros organizou campanhas muito giras, digamos assim, como a Livraria às Cegas e Fique em casa, mas não fique sem livros. A primeira campanha consiste na escolha de um livreiro, ou seja, não é o leitor que escolhe o livro que irá encomendar. O livreiro é que irá escolher o livro e, assim, surpreender o cliente. A encomenda, o pagamento e a possibilidade de troca devem ser discutidos com o livreiro que a pessoa escolheu. O pagamento é igual ou superior a 15€.



Logótipo da campanha e as livrarias aderentes.
Fonte.


A outra campanha é muito simples: a partir da lista dos livreiros aderentes, a pessoa escolhe um e, a partir dele, faz as suas encomendas literárias. É importante que o cliente saiba as condições que cada livreiro tem.

Ambas as campanhas ainda estão a decorrer. Até agora, não vi datas do fim das mesmas.

Lista dos livreiros que fazem parte da campanha Fique em casa, mas não fique sem livros.
Fonte.


A Casa Fernando Pessoa também está a ajudar livreiros independentes. A Casa fica no Campo de Ourique e, nessa zona, há muitas livrarias, como a Livraria Ler, Snob, Distopia, Poesia Incompleta e Palavra de Viajante. Sempre que alguém encomendar um livro através destes livreiros, a Casa Fernando Pessoa oferece um livro de poemas. As ofertas consistem em pequenas publicações com poemas lidos em eventos da Casa.



Nenhuma descrição de foto disponível.
Ofertas da Casa Fernando Pessoa sempre que alguém comprar um livro das livrarias mencionadas.
Fonte.


Gostaria, também, de falar sobre uma iniciativa que, infelizmente, já terminou, mas pretendo mencioná-la na mesma, pois, a partir dela, podem conhecer outras livrarias. Além disso, até podem não conhecer as editoras que organizaram o projeto. Chama-se Adopta uma Livraria - 10 Dias, 10 Livrarias e foi criada pelas editoras Antígona e Orfeu Negro. Começou no dia 14 de abril e acabou no Dia do Livro, 23 de abril. O objetivo era dar 30% das vendas online de cada uma das editoras a uma livraria (aliás, duas, pois são duas editoras). Em cada dia, as duas editoras escolhiam duas livrarias.
Acho que muitas editoras (como as grandes) poderiam seguir o exemplo da Antígona e do Orfeu Negro.


Nenhuma descrição de foto disponível.
Exemplo: A Antígona apoiou estas dez livrarias.
Fonte.


Não conhecendo mais campanhas, chegou o momento de falar especificamente sobre duas livrarias.


A Livraria Letras Lavadas é uma livraria micaelense que, apesar de estar fechada, continua a aceitar encomendas. Os portes são grátis nos Açores. Podem encomendar os livros do catálogo da editora Letras Lavadas através do seu site. Se quiserem algo da livraria, basta enviarem um email para livraria@letraslavadas.pt. Os livros podem demorar algum tempo a chegar a casa, pois enviam as encomendas uma vez por semana via CTT.


Nenhuma descrição de foto disponível.
O exterior da livraria Letras Lavadas.
Fonte da imagem.


A seguir, temos o Book Gang. A Helena Magalhães, a partir do seu clube de leituras, praticamente conseguiu criar uma livraria online. A partir do seu site, podem encomendar os livros que são escolhidos mensalmente, bem como livros de meses anteriores e favoritos da própria Helena. Além disso, já no próximo mês, o Book Gang terá uma book box, ou seja, uma caixa literária. Nela, estarão incluídas as três leituras do mês e algumas ofertas. Irá custar 54,90€.


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O visual do novo projeto do Book Gang.
Fonte

Relativamente a editoras, a Editorial Presença tem tido campanhas com descontos muito bons. Aliás, até ao dia 5 de maio, haverá descontos até aos 50% nos livros selecionados. A 2020 Editora, principalmente a chancela Topseller, anda a investir muito nos ebooks, pois antes não tinham muitos e notaram que as pessoas estavam a comprar muitos ebooks desde que o confinamento social começou. Também devem estar atentos à Feira do Livro em Casa da Cultura Editora. Todos os livros têm 40% de desconto e têm sempre os Livros do Dia, que são os que têm 50% de desconto. A Feira termina esta semana! A Alma dos Livros também tem descontos até 50% e os portes são grátis em encomendas a partir de 25€. A Saída da Emergência tem descontos de 20% e, na compra de três livros, oferecem o mais barato. A Porto Editora não tem este tipo de campanhas, mas já doou EPIs (equipamento de proteção individual) a hospitais e lares, disponibilizam, gratuitamente, a Escola Virtual e estão a apoiar a Telescola #EstudoEmCasa. A Leya também tornou gratuito o acesso aos seus conteúdos digitais educativos.


Por agora, é tudo. Se puderem, apoiem uma destas livrarias e editoras!






Querida Ijeawele - Como Educar para o Feminismo, de Chimamanda Ngozi Adichie, é um pequeno manifesto feminista que a autora nigeriana escreveu quando uma amiga lhe perguntou como deveria educar a sua filha em relação ao feminismo. Assim, Adichie escreveu 15 sugestões que exploram temas como a parentalidade, o casamento, a sexualidade, a cultura nigeriana, entre outros. Será que é uma leitura enriquecedora?


Com uma escrita clara e simples, Adichie explica como devemos falar sobre o feminismo com as crianças e educá-las segundo este movimento. Uma das principais lições que devemos transmitir às nossas crianças é a estupidez dos papéis de género. Por exemplo, como é que a sociedade tem o atrevimento de pôr na cabeça de uma rapariga que ela, para se sentir concretizada, deve casar, ter filhos e dedicar-se completamente à família? Não ensinamos isso aos rapazes. Aliás, os rapazes crescem a pensar que essas coisas são um luxo. Tão bom ter uma mulher que fica em casa para limpar o edifício e tratar da comida, não é? E há muitos outros ensinamentos retrógrados que Adichie questiona, explora e desconstrói. Depois, ela propõe como devemos fazer melhor do que interiorizar essas lições negativas e nocivas criadas pela sociedade patriarcal.

A autora analisa também o racismo, o sexismo, o privilégio branco, a sexualidade feminina, etc. Apesar de serem temas que chegam a ser tão complicados e que, por vezes, têm uma carga pesada e negativa, Adichie consegue sempre adicionar palavras positivas e esperançosas. Isto não tem nada a ver com ódio contra homens. Afinal, as mulheres apenas querem ter os mesmos direitos e deveres que eles. Além disso, os homens também sofrem devido ao sistema patriarcal e tóxico em que vivemos. Quantas vezes já não ouvimos que os homens não devem chorar? E aquelas vezes em que vemos alguém a julgar um homem por vestir algo cor-de-rosa? Quantos homens não estarão a sofrer em silêncio por serem vítimas de violência doméstica, mas não dizem nada porque a sociedade não acha isso "normal"? O feminismo não é colocar a mulher no topo e esmagar os homens. O feminismo serve para pôr toda a gente no mesmo patamar mesmo com todas as diferenças a nível de sexo, género, raça, religião, etc.

Resumindo, a escritora acredita que devemos "desaprender" que as mulheres é que têm de estar na cozinha, que os homens é que são os únicos que devem sustentar a família, que as mulheres não precisam da mesma educação que os homens, que os homens devem guardar os seus sentimentos, etc. Está na altura de pararmos de dizer que "os rapazes estão apenas a ser rapazes" ou que "as raparigas crescem mais depressa do que os rapazes". É absurdo a sociedade colocar expetativas e obrigações nas pessoas de acordo com o sexo. Como se atrevem em pagar mais aos homens e menos às mulheres quando realizam o mesmo trabalho e têm as mesmas qualificações? Como se atrevem em prejudicar uma mulher que fica grávida, mas, ao mesmo tempo, defendem a natalidade? Deixem de ser absurdos.

Concluindo, Querida Ijeawele - Como Educar para o Feminismo é um livro pequeno, mas inspirador. Promove a igualdade de direitos e de deveres e a eliminação de ideias que prejudicam toda a gente ao prejudicarem uma parte desse todo. Temos de ser melhores do que isto. Se não sabem como podem mudar as coisas, leiam este livro, por exemplo.


Classificação: 5/5 estrelas.