Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A Biblioteca da Daniela

A Biblioteca da Daniela

Nesta publicação sobre as novidades editoriais de outubro nos EUA, selecionei 4 dos muitos lançamentos deste mês.


Em One Way or Another, de Kara McDowell, temos uma protagonista, Paige Collins, que vive com o medo de fazer a escolha errada. O simples ato de escolher uma disciplina de arte é o suficiente para fazer Paige  ficar nervosa. E se ela estiver destinada a ser uma ceramista famosa, mas acabar por desperdiçar o seu talento no clube de teatro?

Por isso, quando aparecem, repentinamente, duas opções para as férias de Natal, Paige fica muito indecisa. Será que ela deveria ir com o seu melhor amigo (e a sua paixoneta de longa data) Fitz para a cabana de montanha romântica da família dele? Ou será que ela deveria ir com a mãe para Nova Iorque, o destino de sonho de Paige?

No momento em que ela está prestes a ceder sob a pressão da escolha, o destino entra em ação na forma de um chão escorregadio de um mercado. Aí, a vida de Paige divide-se em dois caminhos paralelos muito diferentes. Um dos caminhos vai dar a Nova Iorque, onde Paige apaixona-se pela cidade e pelo charme do guia turístico. No outro caminho, Paige vai para as montanhas com Fitz, onde ela poderá ter a sua oportunidade com o amigo... até ao momento em que a ansiedade dela ameaça arruinar tudo.

No entanto, antes que Paige tenha o seu final feliz em qualquer um desses caminhos, ela terá de enfrentar a verdade sobre a sua ansiedade e aprender que não é preciso uma pessoa ser perfeita para merecer o amor verdadeiro.


A Scholastic Press lançou este livro no dia 6 de outubro.


Sinopse original.



Em segundo lugar, temos Come On In, uma antologia de contos editada por Adi Alsaid. Este livro explora as alegrias, as dores e os triunfos da imigração através de histórias escrita por autores YA que já estiveram em listas de bestsellers e que são muito admirados. Eles próprios são imigrantes e filhos de imigrantes.

Há personagens que lidam com paragens de trânsito aleatórias, detenção pela TSA, ansiedade nos assuntos alfandegários e jornadas assustadoras e inspiradoras até novas terras, bem como personagens que acabam por acampar com grandes famílias, dançam em casamentos, mantêm diários, ensinam língua gestual, dão os seus quartos a uma família deslocada, decidem a sua própria resposta à pergunta "de onde vens?" e muito mais.


Esta antologia foi lançada pela Inkyard Press no dia 13 de outubro.


Sinopse original.



A seguir, apresento-vos Foreshadow: Stories to Celebrate the Magic of Reading & Writing YA, editado por Emily X. R. Pan e Nova Ren Suma.

Esta antologia conta com ensaios e contos que são como odes à literatura jovem adulta, estando também repletos de conselhos práticos para escritores.

Os 13 contos desta antologia foram originalmente publicados na plataforma online Foreshadow. Estas histórias, que incluem enredos românticos e Fantasia, mostram as vozes pouco pouco representadas e realçam a beleza e o poder da ficção jovem adulta.


Foi lançada no dia 20 de outubro pela Algonquin Young Readers.


Sinopse original.



Por fim, temos The Twelve Dates of Christmas, de Jenny Bayliss. Quanto a namoros, Kate Turner, de 34 anos, está sempre pronta a dizer "bah, uma farsa". A sonolenta cidade de Blexford, na Inglaterra, não está exatamente a transbordar de opções. De qualquer forma, Kate sente-se realizada na sua carreira como designer e no seu delicioso segundo emprego, isto é, cozinhar para o café do seu velho amigo Matt.

Contudo, a sua melhor amiga inscreve-a numa agência de encontros que promete ajudar a encontrar o amor antes da quadra natalícia. Vinte e três dias até ao Natal. Doze encontros com doze homens diferentes. As probabilidades devem estão do lado dela... certo?


A G. P. Putnam's Sons lançou este romance no dia 13 de outubro.


Sinopse original.



Termino, assim, mais uma publicação sobre os livros que fazem parte da minha wishlist. O que acham destes livros?




As editoras portuguesas estão cheias de novidades este mês, mas apenas dois livros deixaram-me curiosa. 


No romance contemporâneo A Troca, de Beth O'Leary, Leena decide ir para a casa da avó Eileen, que fica numa zona rural inglesa, para poder descansar depois de um ataque de nervos durante uma apresentação de trabalho importante.
Eileen está prestes a fazer 80 anos e vive sozinha há pouco tempo, desde que o seu casamento acabou. Ela gostaria de encontrar o amor novamente, mas percebe que isso nunca irá acontecer na sua pequena aldeia. Como querem mudar as suas vidas, avó e neta decidem fazer uma troca durante dois meses: Eileen vai para a casa da neta, que fica em Londres, e Leena irá ficar na aldeia da avó.
Entre lições sobre as novas tecnologias e o sentido de comunidade, como irão elas viver estas novas mudanças?

A Topseller (chancela da 2020 Editora) publicou este livro no dia 19 de outubro.



Sinopse da edição portuguesa.


Por fim, temos Felicidade, o novo romance de João Tordo. Em Lisboa, nas vésperas da revolução, um rapaz de 17 anos, filho de um pai conservador e de uma mãe liberal, apaixona-se por Felicidade, uma colega de escola e uma das três gémeas idênticas que são muito admiradas no liceu.
Num momento em que a liberdade é cada vez menos inalcançável, o protagonista acaba por cair num abismo pessoal. Como será a vida dele depois de entrar nas vidas das trigémeas?


Foi lançado no dia 20 de outubro pela Companhia das Letras (chancela da Penguin Random House Grupo Editorial).



Sinopse original.





Por agora, é tudo. O que acham destes dois livros?






Raparigas Como Nós, de Helena Magalhães, é um romance Jovem Adulto que segue as pisadas de Isabel. Viajando entre as memórias de 1999 e as vivências de 2004 (sendo este ano o presente da protagonista e não 2018 ou 2019, por exemplo), vivemos, com ela, aventuras, como festas e tardes na praia, bem como desventuras, como experiências com drogas e traições. É um livro sobre amores de adolescência, amores mais maduros, drogas e lições que ficarão para sempre na memória da protagonista.


A escrita da Helena Magalhães é simples e envolvente, se bem que, de vez em quando, há uma tentativa de ter passagens muito mais maduras do que a própria narradora, que é a protagonista do romance, a Isabel.  De qualquer forma, é um estilo que deixa o leitor curioso e a querer ler um pouco mais.


O enredo é apelativo quer para um público adolescente, quer para um público que possa sentir nostalgia relativamente aos seus tempos de folia juvenil. É uma história leve, mas, ao mesmo tempo, com aspetos mais pesados, pois fala imenso sobre o consumo e o vício das drogas, lembrando constantemente de como elas são perigosas. Um dos temas que gostei mais de ver neste livro é a diferença entre o amor pela pessoa e o amor pela ideia que temos da pessoa. É uma das coisas mais bem exploradas e executadas neste romance. É mesmo o ponto forte desta história. Por um lado, temos Afonso, um rapaz que Isabel, aos 17 anos, conhece numa festa. A partir daí, saem imenso juntos e vão conhecendo as personalidades de cada um aos poucos. Por outro lado, temos Simão, uma paixoneta de Isabel quando ela tinha 14 anos. Isabel nunca conheceu muito bem Simão, mas gostava do seu aspeto de bad boy e ela pensava que ele era muito fixe e tudo o mais. Através destas duas personagens masculinas, Magalhães consegue vincar muito bem que, por vezes, só temos mesmo uma paixoneta, mas não estamos mesmo apaixonados pela pessoa, uma vez que, na realidade, gostamos da ideia que formamos acerca dela e não da personalidade dela. O amor é mais verdadeiro e bonito quando conhecemos a pessoa e nos focamos nela e não na ideia que temos dela.

Também notei a presença de temas que, penso eu, deveriam ser explorados cada vez mais nesta literatura mais juvenil, como o sexismo e os conflitos e as dinâmicas familiares. Só não gostei da forma como a autora introduziu uma personagem gay só para dizer que o livro tem uma personagem gay. Se for para ter representatividade, a personagem deveria ter uma presença mais significativa no livro e não ser uma mera passagem que apenas reflete como a protagonista é muito boazinha e aceita bem pessoas diferentes. A tentativa de abordar questões feministas também está lá, mas, como já li o livro há algum tempo, não posso dizer se gostei disso ou se está bem feito. Sei que há esta tentativa de dizer que não devemos ver as outras raparigas como rivais, mas não sei se essa ideia foi bem desenvolvida. Por exemplo, eu pensava que um dos objetivos deste livro era mostrar que as raparigas poderiam ter as suas diferenças e que não seriam julgadas e odiadas por isso entre si. Afinal, o título sugere uma ideia de irmandade feminina até. No entanto, umas quantas passagens dão a entender o contrário. A protagonista parece achar-se superior às outras raparigas porque acha que não é tão parva como elas ou algo assim. São incongruências nas mensagens que a autora queria transmitir que me deixam mais com o pé atrás do que os clichés e a escrita.


Relativamente às personagens, elas são e têm clichés, mas gostei de conhecer a Isabel quando tinha 14 anos. Gostei da sua ingenuidade e da sua inocência. De resto, parecia que cada personagem correspondia a um tema que a autora queria explorar, ou seja, elas não tinham uma existência própria. Eram um meio para atingir o fim, sendo este o de transmitir lições e abordar determinados assuntos.


Concluindo, Raparigas Como Nós é um dos primeiros passos interessantes dados por uma editora tradicional portuguesa quanto à literatura YA nacional. Este livro faz-nos viajar e recordar as nossas vivências, os nossos amores e desamores, as partes agridoces da adolescência e os momentos bons e maus. Está bem escrito e é uma leitura envolvente. No entanto, poderia ter sido muito melhor, principalmente quanto à criação das personagens e à abordagem de determinados temas. Contudo, não foi uma leitura horrível.


Classificação: 3/5 estrelas.