Quanto aos lançamentos de janeiro nacionais, só estou interessada em dois livros. No entanto, nos EUA, há imensas novidades de janeiro que entraram na minha lista mal soube que iriam ser lançados.
Em primeiro lugar, temos A Filha do Mentiroso, de Megan Cooley Peterson. Neste Young Adult contemporâneo, acompanhamos Piper, uma rapariga de 17 anos que é filha de um profeta. Ela obedece e respeita o pai, cuida das irmãs mais novas e prepara-se para o apocalipse. Foi ensinada assim e ela não deve fazer perguntas.
Contudo, um dia, arrancam Piper da família e levam-na para o Exterior, um mundo que ela nunca viu, um lugar onde estará longe de Caspian, o rapaz que ela ama.
Nesta nova realidade, tentam mostrar-lhe que o pai é mau, um fanático. Há, ainda, uma mulher que diz ser sua mãe. No entanto, Piper recusa-se a aceitar e só quer fugir e regressar a casa. No que deve ela acreditar? Nas palavras de quem a tirou da sua família? Ou na única verdade que conhece?
Este livro foi publicado pela Topseller #Bliss no dia 13 de janeiro.
Por acaso, já tenho este livro na estante. Foi um dos livros que recebi no meu dias de anos.
A última novidade portuguesa do mês de janeiro que vou referir é uma nova edição de 1984, de George Orwell, um grande clássico distópico. Estamos em Londres, no ano de 1984. O Grande Irmão controla a Oceânia, a Polícia do Pensamento controla as ideias e a nova fala controla a liberdade. Neste mundo opressivo, um homem, Winston Smith, um mero peão ao serviço do Partido, começa a escrever um diário como uma ação individual. Este ato de rebelião irá mudar a sua vida, levando-o até à misteriosa Sala 101.
Os livros de George Orwell fazem parte do domínio público desde 1 de janeiro de 2021. É por isso que, agora, estamos a ver várias editoras a publicar as suas próprias edições. Neste mar de várias edições, a que me interessa mais é a da Porto Editora. Este livro faz parte da coleção Clássicos Hoje, uma coleção que a editora criou para juntar o antigo ao moderno. O objetivo é publicar clássicos com a ajuda de capas feitas por artistas contemporâneos portugueses. A capa de 1984 foi feita por Vhils.
A partir daqui, irei falar sobre novidades literárias dos EUA, como Happily Ever After, de Elise Bryant. A protagonista é Tessa Johnson, uma jovem de 16 anos que nunca se sentiu como protagonista na sua própria vida. Nunca viu o seu reflexo nas páginas de romances que ela adora ler. O único lugar onde ela é mesmo a personagem principal é nas histórias de amor que escreve e que partilha com Caroline, a sua melhor amiga e fã número um das suas histórias.
Quando Tessa é aceite para fazer parte de um programa de escrita criativa de uma escola de arte de prestígio, ela fica entusiasmada, pois as suas histórias irão finalmente brilhar. Mas, quando ela vai para o primeiro workshop, as palavras, simplesmente, desaparecem. Felizmente, Caroline arranja uma solução: Tessa precisa de encontrar inspiração numa história de amor real. E ela tem uma lista de passos inspirados em romances. Nico, o artista taciturno que parece ter saído de uma das histórias de Tessa, é escolhido para ser o Príncipe perfeito.
No entanto, à medida que Tessa realiza os passos da lista de Caroline, ela afasta-se cada vez mais de si mesma. Ela arrisca-se a perder tudo que lhe é importante, incluindo a ligação surpreendente que ela cria com o doce Sam. Parece que tudo está a correr bem e que ela poderá ter a sua própria história de amor, mas será a história que ela quer mesmo?
A Balzer & Bray/Harperteen publicou este romance no dia 5 de janeiro.
Depois, temos Meow or Never, um livro infantojuvenil de Jazz Taylor. Avery Williams sabe cantar, mas não consegue fazê-lo num palco. Prefere estar nos bastidores da sua nova escola, onde ela encontra um gato escondido num canto. Avery dá-lhe o nome de Phantom e visita-o sempre que sente stress, o que acontece muito ultimamente.
Um dia, ela canta para Phantom e Nic, a paixoneta dela, ouve-a. Nic leva-a a fazer uma audição para o musical da escola. Apesar dos nervos, Avery consegue o papel principal!
Ela sabe que deveria estar entusiasmada, mas está muito apavorada. Conseguirá Phantom ajudá-la a ultrapassar o medo do palco? E o que irá acontecer se alguém descobrir o seu animal secreto?
Foi lançado pela Scholastic US no dia 5 de janeiro.
A seguir, apresento-vos One of the Good Ones, de Maika Moulite e Maritza Moulite. Neste YA que promete cativar a atenção dos fãs do livro O Ódio que Semeias e do filme Get Out, Kezi Smith, uma jovem ativista social e amante de História, é assassinada sob circunstâncias misteriosas depois de ter ido a um protesto de justiça social. A sua irmã devastada Happy e a família têm, agora, de lidar com as consequências. Quando Kezi passa a ser mais uma vítima imortalizada na luta contra a brutalidade policial, Happi começa a questionar a forma como a irmã é lembrada. Perfeita. Angelical. Como uma das boas pessoas. Como é que algumas pessoas é que podem ser vistas como merecedoras de serem valorizadas? Happi e a sua irmã Genny começam uma jornada para honrar Kezi à sua maneira, usando um exemplar antigo do The Negro Motorist Green Book como o seu guia. Mas há uma reviravolta na história de Kezi que ninguém poderia prever, uma reviravolta que irá mudar tudo outra vez.
O livro foi publicado pela Inkyard Press no dia 5 de janeiro.
Por falar no livro O Ódio que Semeias, de Angie Thomas, temos, agora, o novo livro da autora, Concrete Rose. Desta vez, conhecemos a história do pai da protagonista do primeiro livro, Maverick Carter. Maverick tem 17 anos e ele sabe que um homem a sério deve tomar conta da sua família. Como filho de uma lenda antiga de gangs, Mav ajuda a família ao vender drogas em nome dos King Lords. Com o dinheiro, ele ajuda a sua mãe, que tem dois empregos, enquanto o pai dele está na prisão. A vida não é perfeita, mas com uma namorada fixe e um primo que o apoia sempre, Mav tem tudo sob controlo. Até que ele descobre que irá ser pai. De repente, tem um bebé, Seven, que depende dele. No entanto, não é fácil vender drogas, acabar a escola e educar uma criança. Portanto, quando lhe oferecem a oportunidade de melhorar, ele aceita-a. Contudo, quando o sangue de King Lord corre nas veias, não é fácil simplesmente afastar-se. Lealdade, vingança e responsabilidade ameaçam quebrar Mav, especialmente depois do assassínio brutal de uma pessoa que amava. Ele terá de descobrir o que significa realmente ser homem.
Balzer + Bray lançaram o quarto livro de Angie Thomas no dia 12 de janeiro.
De seguida, mostro-vos mais um livro infantojuvenil, Amari and the Night Brothers, de B. B. Alston. Amari Peters nunca deixou de acreditar que o seu irmão Quinton, que desapareceu, está vivo. Acredita nisso mesmo quando a polícia lhe diz o contrário ou quando ela tem problemas com arruaceiros que lhe dizem que ele está mesmo morto. Quando ela encontra uma pasta no armário dele que contém uma nomeação para um teste de verão no Bureau of Supernatural Affairs, ela tem a certeza de que a organização tem a chave para o mistério de Quinton. Mas ela tem de entender a existência de mágicos, fadas, extraterrestres e outras criaturas sobrenaturais. Agora, ela deve competir por um lugar contra crianças que sabem sobre magia desde que nasceram. Não interessa se ela se esforça muito, pois Amari não consegue escapar ao escrutínio e à dúvida intensa deles, especialmente quando o seu talento sobrenatural é visto como algo "ilegal". Com um mago maligno a ameaçar o mundo sobrenatural e os colegas dela a pensarem que ela é uma inimiga, Amari sente-se sozinha mais do que nunca. Todavia, se ela não sobressai e não passar nos testes, ela nunca irá saber o que aconteceu a Quinton.
Foi publicado Balzer&Bray/Harperteen no dia 19 de janeiro.
Em penúltimo lugar, temos um livro de Fantasia YA. Em Wings of Ebony, de J. Elle, as vidas de Rue e da sua irmã mais nova mudam quando a mãe é morta a tiro à porta de casa. Rue é levada da vizinhança por um pai que nunca conheceu, sendo forçada a deixar a sua irmãzinha para trás para ir para Ghizon, uma ilha oculta para onde vão aqueles que usam magia. Rue é a única pessoa na ilha que é metade humana, metade deusa. Na ilha, os líderes protegem os seus poderes mágicos a todo o custo e prosperam com o sofrimento humano. Miserável e desesperada para ver a sua irmã no aniversário da morte da mãe, Rue quebra a sagrada Regra Não Deixe de Ghizon e regressa a Houston, onde descobre que crianças negras estão a ser forçadas a viver no crime e na violência. E a irmã dela, Tasha, está em perigo de cair nas mãos das forças que tiraram a vida à mãe. Para piorar a situação, há provas de que o mal que está a espalhar-se em East Row é o mesmo que está à espreita em Ghizon, um mal que não irá parar até ter roubado tudo que Rue ama. Ela deve aceitar a sua verdadeira identidade e usar toda a magnitude do poder dos seus ancestrais para salvar a vizinhança antes que os deuses queimem tudo.
Denene Millner Books/Simon Schuster Books for Young Readers lançou este livro no dia 26 de janeiro.
Por fim, temos The Ex Talk, de Rachel Lynn Solomon. Neste romance adulto, Shay Goldstein é produtora de uma estação de rádio pública de Seattle há quase uma década e ela não consegue imaginar trabalhar noutro sítio. Mas, ultimamente, há um conflito constante entre ela e um colega mais recente, Dominic Yun, que acabou de sair de um programa de mestrado em Jornalismo e acha que sabe tudo sobre rádios públicas. Quando a estação, que está a lutar para sobreviver, precisa de um conceito noivo, Shay propõe um programa que o chefe aceita com entusiasmo. No Ex Talk, dois ex-namorados devem dar conselhos sobre relacionamentos amorosos ao vivo. O chefe acha que Shay e Dominic são os co-apresentadores perfeitos devido ao ódio mútuo. Nenhum deles adora a ideia de enganar os ouvintes, mas ou fazem parte do programa ou vão para o desemprego. As pessoas ficam imediatamente interessadas no programa e o Ex Talk torna-se rapidamente num sucesso nos gráficos de podcasts. À medida que o programa cresce, Shay e Dominic percebem que estão apaixonados e, por isso, têm de enganar os fãs. Numa indústria que valoriza a verdade, se forem apanhados, as suas carreiras, e não só, podem acabar.
Para começar as Batalhas de 2021 bem, escolhi analisar capas de um romance contemporâneo Young Adult que até já foi mencionado no blogue. Podem clicar aqui para lerem a minha opinião sobre I Believe in a Thing Called Love, de Maurene Goo.
Este livro tem como protagonista Desi Lee, uma rapariga coreano-americana que, ao estar quase a terminar o ensino secundário, apercebe-se de que nunca teve um namorado. Já este apaixonada várias vezes, mas nunca teve um relacionamento. Para ver se consegue mudar isso, ela decide ver vários kdramas (séries coreanas) para aprender como deve conquistar a sua nova paixoneta. Será que isso irá resultar?
A protagonista é muito ingénua e comete erros irresponsáveis (e acho que a autora soube realçar que, de facto, são erros maus), mas é uma história leve e amorosa.
Em primeiro lugar, temos a capa dos EUA, ou seja, a capa original:
Capa original/americana: Square Fish.
A capa da editora Square Fish é muito bonita e as cores usadas, cor-de-rosa e amarelo, dão um ar jovial à capa. Faço questão de lembrar que há uma clara falta de diversidade nas capas de livros, principalmente quando são livros escritos por autores não-brancos e/ou com personagens não-brancas. Portanto, a editora tomou uma ótima decisão ao mostrar a protagonista da história, que é coreano-americana. A literatura deve ser um reflexo da humanidade e, por isso, não faz sentido e é extremamente preconceituoso as editoras não colocarem protagonistas não-brancos em destaque. É o mesmo que dizerem que não têm um lugar na sociedade ou que não são capazes de vender alguma coisa por não ser alguém branco na capa. Portanto, fiquei contente quando vi esta capa. Amorosa, alegre e bonita.
Capa espanhola: V&R Editoras.
De seguida, temos a capa da V&R Editoras, uma editora espanhola. Gosto como quiseram manter os detalhes principais da capa original, mas, ao mesmo tempo, criaram uma capa diferente. É tão adorável quanto a capa original. As fontes das letras do título e do nome da autora são muito bonitas e combinam muito bem com a boa disposição da modelo.
Capa da Indonésia: Gramedia Pustaka Utama.
A seguir, apresento-vos a capa da edição da Gramedia Pustaka Utama, uma editora da Indonésia. É diferente das primeiras duas capas por ser ilustrada. É um bom exemplo de como foi possível manter a essência da capa original, mas num medium diferente, a ilustração. É uma capa sonhadora e fofa. Sem dúvida que poderá agradar muitos leitores jovens.
Capa francesa: Milan
A penúltima capa é da Milan, uma editora francesa. É uma capa horrorosa e sem vida. Os únicos elementos bons são o título e os pequenos detalhes que ele tem, já que têm muito a ver com a personagem. Percebo a presença da televisão e do casal, uma vez que a protagonista vê muitos kdramas românticos. No entanto, é horrível. Pelos vistos, na Europa, é muito comum as editoras "gostarem" de excluir a identidade das personagens das capas. Qual é a lógica que as editoras têm ao não quererem mostrar personagens não-brancas nas capas? Pessoas não-brancas não merecem ver alguém como elas noutros sítios? Ter uma personagem não-branca faz com que ninguém queira comprar o livro? Enfim, não estarão as editoras, ao fazer este disparate, a admitir que pensam que o seu público-alvo é somente o público branco?
Podem pensar que isto não é um assunto sério e que "ah, tudo é racismo hoje em dia", mas isto é mesmo feio. Muitas pessoas brancas podem não perceber a seriedade desta questão porque passaram a vida a ver o seu reflexo nos livros e nas suas capas, nos filmes, nas séries, nas novelas, etc. Quero que saibam que a arte é de e para todos. Negar a presença e a visibilidade de pessoas que não seguem um determinado padrão imposto por uma sociedade enraizada em relações e hierarquias de poder é mau e completamente errado. Repito, mas especifico desta vez: a literatura é de e para todos. Ponto.
Capa brasileira: Seguinte.
Por fim, temos a capa brasileira, ou seja, a edição da Seguinte. Mais um lindo exemplo de como é possível manter detalhes da capa original e, ao mesmo tempo, ter algo muito diferente. Uma ilustração lindíssima com as cores do original, mas em tons mais escuros e igualmente cativantes. Adoro como a capa tem pequenos detalhes relacionados não só com a protagonista, mas também com a paixoneta dela, como os tubos de tinta. A tradução do título ficou diferente do original. Contudo, este título chega a ser amoroso.
Tendo em conta tudo o que eu disse, para mim, a vencedora é... A capa brasileira!
Sinceramente, acho que há editoras brasileiras que poderiam dar masterclasses às editoras portuguesas. As nossas editoras parecem ter medo de capas ilustradas. Não sei porquê, pois, normalmente, um leitor também aprecia outras formas de arte, como a ilustração. Além disso, num mar de capas com caras humanas ou objetos mudanos, porque não ter, de vez em quando, capas como a da edição brasileira deste livro?
Isto nada tem a ver com as minhas questões anteriores relativamente à falta de visibilidade de pessoas não-brancas nas capas. Pessoas não-brancas merecem destaque quer em capas com pessoas, quer em capas ilustradas. É tão simples quanto isto.
Também quero esclarecer que nós temos, de facto, casos de sucesso relativamente a capas ilustradas. Já viram as novas edições de clássicos da Porto Editora? São capas feitas por artistas urbanos portugueses. São capas lindas.
Termino, assim, esta Batalha de Capas. Qual é a vossa capa favorita? E qual é, para vocês, a pior capa?
Stranger Things - Mentes Inquietas, de Gwenda Bond, é o primeiro livro de um conjunto de prequelas baseado em Stranger Things, uma série televisiva de Ficção Científica da Netflix. Neste livro, conhecemos a mãe da Eleven, uma das protagonistas da série. A mãe da Eleven, Terry Ives, é uma estudante universitária nos anos 70 que assiste às várias tensões sociais e políticas dos EUA. Ao mesmo tempo, só quer focar-se na sua vida. No entanto, ao ver que precisa de dinheiro, acaba por fazer parte de uma experiência sinistra de um laboratório misterioso. O que se passa no laboratório? Qual é o propósito da experiência? O que estarão a fazer ao seu corpo e, principalmente, à sua mente?
Sou uma grande fã da série. Eu fiquei totalmente rendida à história logo na primeira temporada. A Eleven é praticamente a minha personagem favorita e, por isso, fiquei contente ao saber que iriam lançar prequelas relacionadas com a série e que a primeira seria sobre a mãe dela. Mas o livro soube a muito pouco...
Terry Ives, mãe da Eleven, interpretada por Aimee Mullins. Fonte.
Um dos grandes aspetos positivos relativamente ao enredo é a maneira como o contexto histórico está incluído nesta história de ficção científica sobre experiências com a mente humana. Tal como a série nos faz sentir que estamos novamente nos anos 80, o livro sabe transportar-nos até aos EUA dos anos 70. São-nos apresentadas de forma inteligente situações políticas, como a Guerra do Vietname e a necessidade de recrutar homens jovens. Também é engraçado ver as personagens entusiasmadas com referências pop da altura, como O Senhor dos Anéis. Portanto, quanto à contextualização histórica, penso que o livro faz um bom trabalho, não superando, de qualquer forma, a qualidade da série nesse aspeto, claro. Mas o cenário ficou bem feito. Ainda sobre o enredo, ele é muito simples e, como disse, bem construído, mas poderia ter sido muito melhor. Depois da primeira temporada, muitos fãs, como eu, ficaram interessados na história da mãe da Eleven, até porque ela aparece durante uns segundos na série. As experiências de Terry levaram à Eleven que conhecemos. Posto isto, como não poderiam os fãs ficar curiosos quanto a um livro sobre Terry? Bem, os grandes detalhes da série estão lá, como o laboratório e os seus estratagemas nada éticos. Também vemos um pouco mais do cientista malvado da série, Dr. Benner, como as suas intenções, algo que os fãs já tinham percebido na série. Portanto, o que é que o enredo tem de bom? Não sei exatamente. Tem vários ingredientes que levaram ao sucesso da série, mas que não resultaram tão bem neste livro, pois não foram o suficiente para tornar este livro numa grande prequela. O enredo da série é brutal por ter muitas coisas a acontecer e essas coisas estão sempre interligadas. Pode parecer complexo, mas não é. Além disso, é muito cativante e entusiasmante. Acho que o livro não foi isso, a não ser, talvez, nas últimas páginas. É uma pena, sinceramente. Se o livro tivesse a mestria da série, teria brilhado tal como o projeto da Netflix.
A escrita é simples e mantém o leitor entretido. Não é o estilo de escrita mais fabuloso do mundo, mas serviu o seu propósito, ou seja, foi bastante cinematográfico e não era floreado. Penso que é uma escrita suficientemente boa para quem gosta da série, mas não costuma ler.
Quanto às personagens, não me parece que a autora tenha feito um bom trabalho. A série teve o sucesso que teve não só pela nostalgia dos anos 80 e das suas referências à cultura pop, mas também graças às diferentes personalidades das personagens, principalmente das personagens mais novas. Neste livro, as personalidades das personagens são... fracas. Não nos aquecem nem nos arrefecem. São até um pouco desinteressantes e muito comuns. Não se destacam muito. Sim, Terry é uma pessoa curiosa que quer o bem e proteger as pessoas que ela adora, mas não passa disso. E onde está o desenvolvimento, o crescimento destas personagens? Ao longo do livro, são mais do mesmo que vimos desde o momento em que as conhecemos. A autora deveria ter feito um melhor trabalho, porque ela provavelmente sabia que um dos grandes pontos fortes da série é precisamente o vasto e único conjunto de personagens.
Dr. Benner (Matthew Modine) e Eleven (Millie Bobby Brown). Fonte.
Concluindo, Stranger Things - Mentes Inquietas é uma leitura suficientemente boa para os fãs da série que ficam fartos de esperar pelas próximas temporadas. É também um bom livro para quem gostou da série e que, apesar de a leitura de livros não fazer parte da sua vida, quer ler a prequela. No entanto, os grandes fãs da série poderão ficar desiludidos. Não fiquei totalmente triste, mas estava à espera de uma história melhor. Bond tentou usar os pontos fortes da série, mas não os pôs em prática na perfeição como os criadores da série. Terry Ives merecia uma história mais interessante.
Classificação: 3/5 estrelas.
Neste momento, quase todo o país está em confinamento. Agora, não é tão fácil adquirir um livro. É possível fazer encomendas, mas, por vezes, podem demorar algum tempo a chegar a casa. Tendo em conta toda esta situação, decidi que o melhor seria mostrar-vos mais cedo a leitura em português do mês de fevereiro.
Em fevereiro, o livro em português do Requim (que é também a leitura "obrigatória" do clube) é Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida.
Em vez de escrever uma sinopse com as minhas próprias palavras, deixo aqui a sinopse que podem encontrar no site da editora:
«De Portugal, a cidadania dos mortos foi o seu único visto de residência.»
Chegados a Lisboa em junta médica, Cartola e Aquiles descobrem-se pai e filho na desventura, sobrevivendo ao ritmo da doença, do acumular de dívidas e das cartas e telefonemas trocados com a família deixada em Luanda. Até que num vale emoldurado por um pinhal, nas margens da cidade mil vezes sonhada pelo velho Cartola, encontram abrigo e fazem um amigo.
Será esta amizade capaz de os salvar? «Se o entendimento entre duas almas não muda o mundo, nenhuma ínfima parte do mundo é exactamente a mesma depois de duas almas se entenderem.»
Luanda, Lisboa, Paraíso, o segundo romance de Djaimilia Pereira de Almeida, é o balanço tocante de três vidas simples, em que esperança e pessimismo, desperdício e redenção, surgem lado a lado numa sequência de tableaux sombrios, doces e trágicos.
O que acham desta escolha? Não se esqueçam que a leitura pode começar no dia 1 de fevereiro, mas não faz mal se tiverem disponibilidade apenas uns dias depois.
Quanto aos links que deixei na descrição da capa do romance, são apenas opções de compra que deixei à vossa disposição. Podem, também, através da compra deste livro, apoiar livrarias independentes. Vejam, por exemplo, o site da RELI (Rede de Livrarias Independentes).
Até breve!
Tendo em conta que muitas pessoas, como eu, gostam de ler em formato físico, decidi que o melhor seria divulgar os livros em inglês do mês mais cedo do que as leituras em português. Deste modo, quando a primeira metade de um mês termina, irei sempre anunciar a leitura em inglês do mês seguinte. Assim, os leitores terão mais tempo para encomendar o livro.
Posto isto, através desta publicação, tenho o prazer de indicar o livro em inglês do mês de fevereiro: You Should See Me in a Crown, de Leah Johnson.
Neste YA contemporâneo, acompanhamos a vida de Liz, uma rapariga que sempre pensou que era demasiado negra, pobre e estranha para brilhar na sua pequena e rica cidade obcecada por bailes de finalistas. No entanto, Liz tem um plano para sair da cidade: ir para uma universidade de elite, tocar na sua orquestra mundialmente conhecida e ser médica. Contudo, quando a ajuda financeira com a qual estava a contar deixa de existir, parece que os seus planos não serão realizados... Até que ela se lembra do baile de finalistas, onde o rei e a rainha do baile ganham bolsas. Apesar do seu medo pelos holofotes e da falta de vontade em enfrentar trolls das redes sociais, concorrentes mesquinhos e eventos públicos humilhantes, ela quer fazer tudo por tudo para ir para a universidade. O que torna tudo suportável é a aluna nova, Mack, que é inteligente, divertida e estranha, como a Liz. Mas Mack também é uma das concorrentes para o título de rainha do baile. Será que o amor que Liz sente por Mack irá impedi-la de concretizar os seus sonhos ou irá torná-los em realidade?
Este livro, desde que foi lançado, tem sido muito elogiado nos EUA. Reese Witherspoon, que tem o seu próprio clube de leituras há algum tempo, começou a incluir livros YA no seu clube em 2020 e este romance foi o primeiro a ser escolhido por ela. Além disso, no ano passado, esta história fez parte de muitas listas de melhores livros de 2020, como a lista dos melhores 15 YA de 2020 da Cosmopolitan, a lista de melhores livros de 2020 do Publishers Weekly e a lista de melhores livros de 2020 da Marie Claire.
O que acham desta leitura para o mês de fevereiro? Relembro que as leituras em inglês são facultativas. Vocês, leitores, é que sabem se querem ler os livros em inglês. Dou esta liberdade de escolha porque nem toda a gente lê em inglês ou tem acesso a livros nesta língua. Os livros em português selecionados são os obrigatórios do clube.
Até breve!
Em primeiro lugar, feliz ano novo! Que 2021 seja muito melhor do que 2020! Espero que seja um ano cheio de saúde, amor, alegria, harmonia e, claro, leituras extraordinárias.
Já que menciono boas leituras, decidi que a primeira publicação de 2021 seria sobre os livros que mais gostei de ler em 2020. Foi um ano de poucas leituras. Li apenas 16 livros... No entanto, gostei muito dos livros que fazem parte deste top!
A medalha de bronze vai para... The Hate U Give, de Angie Thomas. Sem dúvida alguma que tem lições e mensagens relativamente ao movimento Black Lives Matter, ao racismo e à forma como uma sociedade que apenas quer saber do status quo trata aqueles que, para ela, não fazem parte de um padrão visto como o "correto" e o "melhor" pelos mais privilegiados e ignorantes. Mas o livro é também sobre a juventude e os caminhos que os jovens percorrem para encontrarem a sua voz. É sobre a amizade e os seus bons e maus momentos. É sobre como saber lidar com pessoas tóxicas. É sobre laços familiares. É sobre a morte e é sobre a vida. Recomendo vivamente a leitura deste livro, que prova que a ficção ensina e mostra muitas coisas acerca do nosso mundo. Afinal, não deveria a literatura ser o nosso reflexo?
Li em inglês, mas, abaixo, irei deixar links da edição portuguesa, bem como links da edição original.
A medalha de prata vai para... The Poet X, de Elizabeth Acevedo. Uma história em versos que é encantadora e dolorosa em simultâneo. É um livro cheio de versos simples e lindos e de sentimentos complexos e genuínos. Uma história sobre uma jovem afro-latina que explora a sua sexualidade, a forma como vê a religião e a sua relação complicada com a sua mãe, não faltando temas como a diáspora, os primeiros amores, o assédio sexual, etc. Concluindo, uma história poderosa e cativante.
E, finalmente, a medalha de ouro vai para... I'll Be the One, de Lyla Lee! Foi, para mim, a melhor leitura de 2020. Tem tudo o que aprecio num maravilho YA contemporâneo: personagens complexas e encantadoras, um estilo de escrita simples, fluido e cativante, e uma abordagem cuidada e inteligente de temas essenciais e delicados, como a gordofobia, os padrões de beleza impostas pela sociedade, principalmente pela indústria do KPOP, a sexualidade, o amor, a autoestima, etc. É um romance lindo que nos deixa colados até à última página. Foi um dos pontos mais altos de 2020.
Como adorei este livro, ele tinha mesmo de ser a primeira leitura em inglês do meu clube de leituras Requim. Para saberem mais sobre o clube, cliquem aqui.