Opinião: A Court of Thorns and Roses, de Sarah J. Maas
Sinopse retirada do Goodreads (traduzida por mim):
Quando a caçadora de dezanove anos, Feyre, mata um lobo nos bosques, uma criatura monstruosa aparece a exigir uma retribuição de tal ato. Arrastada para uma terra mágica, mas traiçoeira, que ela só conhece graças às lendas, Feyre descobre que o seu raptor não é um animal, mas sim Tamlin, uma das Fadas letais e imortais, que antes controlaram o seu mundo.
Ao morar na sua propriedade, os sentimentos de Feyre por Tamlin passam de hostilidade gelada para uma paixão ardente que queima todas as mentiras e todos os avisos que lhe foram ditos sobre o lindo, mas perigoso mundo dos Fae. Mas uma antiga e malvada sombra cresce pelas terras das fadas e Feyre deve encontrar uma maneira de a parar... ou Tamlin e o seu mundo serão amaldiçoados para sempre.
Opinião: Há já algum tempo que não lia um livro tão viciante como este! É a primeira vez que leio um livro de Sarah J. Maas e agora entendo o porquê de esta autora ter um enorme grupo de fãs! Maas concebe personagens fantásticas e credíveis graças à sua escrita detalhada, mágica e, de certa forma, poética. Além disso, ela foi excelente ao "tecer" esta história de Fadas fascinante, tendo como base o conto de "A Bela e o Monstro", que foi originalmente escrito pela Dama Villeneuve, Gabrielle-Suzanne Barbot (mais tarde, surgiu um resumo feito por Madame Jeanne-Marie LePrince de Beaumont).
Começando pela escrita, que é, certamente, o ponto forte da obra, estamos perante uma autora extremamente talentosa. Como disse, é detalhada e, até, poética, mas também consegue ser sucinta. Maas mostra todo o seu esplendor nas descrições, não só dos espaços ou do ambiente que envolve as personagens, como também dos sentimentos da personagem principal, Feyre, que é a narradora. Imediatamente no primeiro capítulo, graças à clareza de expressão e ao vocabulário rico utilizado, sentimos, de forma instantânea, uma forte ligação com Feyre, uma jovem de 19 anos que faz tudo por tudo para manter a sua família segura e satisfeita. É uma escrita hipnotizante, na medida em que só queremos continuar a "devorar" as páginas e saber mais, mesmo que não o queiramos. Aliás, ontem, quando terminei a leitura, não queria acreditar porque queria mais e cheguei à conclusão que deveria ter lido mais devagar. Desta forma, dou os meus parabéns a Sarah J. Maas por ter uma escrita capaz de tirar o fôlego dos amantes de livros de Fantasia.
Em relação ao mundo criado, eu fiquei fascinada, apesar de não ter havido muitos detalhes. Tudo o que se sabe é que temos um mundo dividido em dois: os humanos e os Faes (fadas). Dentro do mundo dos Faes, há ainda dois territórios distintos, Prythian e Hybern, mas o mais importante neste livro é Prythian, que está dividido em sete Cortes: a Corte da Primavera (Spring Court), a Corte do Verão (Summer Court), a Corte do Outono (Autumn Court), a Corte do Inverno (Winter Court), a Corte do Amanhecer (Dawn Court), a Corte do Dia (Day Court) e a Corte da Noite (Night Court). Prythian, supostamente, deveria ser governada pelos High Lords (é melhor usar a expressão original) de cada Corte, mas, neste primeiro livro, há uma mulher que pretende governar o território inteiro. Essa mulher, Amarantha, assume-se como a Queen Fae (Rainha-Fada) de Prythian e controla tudo e todos a partir da sua residência, Under the Mountain. Em relação a Hybern, só sabemos que é também um reino de Faes que não está dividido em Cortes ou, pelo menos, é governado por um único Rei. Quanto às Cortes de Prythian, também não nos são desvendadas muitas informações. Só sabemos um pouco sobre a história de três Cortes: Primavera, Outono e Noite. No entanto, ainda bem que a escritora optou por revelar as partes essenciais para a ação do primeiro livro (A Court of Thorns and Roses é o primeiro livro de uma trilogia). Acredito que haverá mais detalhes nos livros seguintes e, quando estamos perante uma história de Fantasia, o melhor a fazer é dividir as informações pelos livros e não indicar detalhes de uma só vez, num único livro. Em algumas opiniões que eu li, alguns leitores criticavam a falta de informação do mundo criado por Maas, mas penso que são pessoas que não entendem que a autora fez a escolha certa ao não revelar muito sobre o seu mundo de Fadas logo no primeiro livro da sua trilogia.
Assim, ainda bem que só temos as informações principais acerca deste mundo de Faes criado por Maas. A autora divulgou as bases certas para satisfazer o leitor e que são suficientes para manter interessante o universo inventado por ela.
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As Setes Cortes de Prythian e o território humano. |
Quanto às personagens, só tenho a dizer que elas foram muito bem construídas e planeadas. A introdução de cada uma foi feita de forma impecável, bem como o desenvolvimento, que foi natural e, em certos casos, surpreendente. Adorei Feyre, que, como já disse é a protagonista desta história maravilhosa. Adorei o seu lado altruísta, pois deixou de parte os seus desejos para ajudar a sua família e as Fadas, Adorei a sua paixão pela pintura. É uma personagem honesta, corajosa e forte, que é capaz de lutar e proteger a si própria e os outros. Também gostei o facto de ela não se culpar por se apaixonar no meio de uma situação grave. Muitas vezes, em livros para os mais jovens, a personagem principal sente uma culpa enorme ao apaixonar-se, uma vez que associa a ideia do amor à fraqueza. No caso de Feyre, eu não senti isso. Pelo contrário, o amor que ela sentia só a tornou mais forte. Deste modo, ainda bem que a autora optou por criar uma personagem que pensa que o amor é capaz de nos dar força.
Depois temos Tamlin. Bem, é mesmo um Fae maravilhoso. Também adorei a sua evolução, na medida em que, no início, parecia ser distante e frio, mas ele próprio criou paredes para se proteger do mundo que o rodeia. Depois revelou-se como um verdadeiro cavalheiro: gentil, protetor e, tal como Feyre, é altruísta. Consegue ser carinhoso e é contra as práticas perversas e e cruéis pelo seu pai. Aliás, Tamlin é o High Lord da Spring Court (basicamente é ele quem manda na Corte da Primavera) que nunca quis ocupar tal cargo, mas, ainda assim, é justo e cauteloso. Como estamos perante um reconto de "A Bela e o Monstro", posso já dizer que é ele o Monstro desta história, mas não por ser mau. Pode ter os seus defeitos, mas ele não é cruel. Simplesmente consegue transformar-se num urso assustador, grande e forte, que consegue matar qualquer um com as suas garras afiadas e com os seus dentes pontiagudos. Por falar no conto, posso já dizer que adorei a forma como a maldição foi quebrada (a Corte da Primavera usava máscaras- que nunca saíam das suas caras- e os seus poderes, ou grande parte deles, tinham sido confiscados por Amarantha).
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Fanart (arte dos fãs) inspirada no primeiro capítulo. Feyre como caçadora. |
A seguir, temos as personagens secundárias, como Lucien, que é sarcástico, carismático e leal. Adorei a amizade entre ele e a Feyre, pois a protagonista também gosta de sarcasmo. Depois, temos Rhysand, o High Lord da Corte da Noite. Para mim, é a personagem mais interessante de todas. Vaidoso, arrogante e manipulador, Rhysand também tem um lado mais afável, sendo capaz de amar, de proteger e de fazer sacrifícios pelo bem maior. Para mim, é a personagem mais misteriosa da história e ainda bem que saberemos mais sobre ele no livro seguinte, que se passará na Corte da Noite. Ele é daquelas personagens "cinzentas", ou seja, ele é manipulador e frio, mas acaba por ser protetor e cuidadoso ao estar perto de Feyre. Acredito que todas as suas ações foram baseadas nos seus sentimentos por Feyre, algo que será explorado no segundo livro.
Em suma, A Court of Thorns and Roses é um excelente livro de Fantasia, recheado de personagens profundas com características próprias. É uma história de Fadas magnífica que foi muito bem construída ao ter como base o conto "A Bela e o Monstro". Para tornar o livro ainda melhor, temos a escrita fenomenal da autora que só nos faz querer devorar páginas e mais páginas.
Para quem quer ler alguma obra de Sarah J. Maas, mas sem ser em inglês (este livro não foi publicado em Portugal), pode ler Trono de Vidro, que foi publicado, em 2015m pela Editorial Presença. Apesar de ainda não o ter lido, já li muitas opiniões positivas sobre o mesmo e, portanto, parece ser uma boa maneira de conhecer a autora.
Mal posso esperar pelo segundo livro, A Court of Mist and Fury, que sairá nos EUA no dia 3 de maio deste ano.
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O segundo livro da trilogia irá centrar-se nos mistérios da Corte da Noite e do seu High Lord, Rhysand. |
Classificação: 10/10 estrelas
P.S- Este livro foi lido este mês devido ao tema de janeiro do Desafio Mensal que encontrei no Goodreads. : Dia dos Reis então têm que ler um livro que seja sobre Reis e Rainhas ou que tenha no título o nome Rei ou Rainha. Para mais informações, basta clicar aqui.