Na edição presente na fotografia, há dois romances do autor britânico concentrados num só livro, A Study in Scarlet e The Sign of the Four. Foi durante a minha estadia em Lisboa que eu li o primeiro livro, enquanto dei início à leitura do segundo nos últimos dois dias passados na capital portuguesa. Demorei a ler o primeiro, pois chegava cansada a casa e não lia muito à noite. No entanto, há ainda uma outra razão: não gostei muito da história em si. Quanto ao segundo, finalizei a leitura já na minha própria casa e, tal como o primeiro, não me deixou maravilhada.
A Study in Scarlet inicia com o doutor John Watson à procura de um sítio barato para viver depois de ter sido ferido no Afeganistão. É ao falar com um velho amigo que Watson descobre que há um homem à procura de alguém com quem partilhar a renda de um apartamento. Contudo, não era um homem qualquer, mas sim Sherlock Holmes, um detetive que recorre ao método científico e à lógica dedutiva para resolver os crimes. Após o encontro entre os dois, Holmes é chamado para resolver um caso muito estranho: um americano tinha sido assassinado e o local do crime, uma casa abandonada, tinha sangue, mas o cadáver não apresentava nenhum ferimento. Como terá, então, morrido o americano?
Quando comecei a ler este primeiro romance sobre as aventuras de Sherlock Holmes, estava a gostar do ritmo da narração. Tendo John Watson como narrador, sabemos como o médico conheceu o detetive e conhecemos as personagens graças ao lado curioso e observador de Watson. Até à altura em que Holmes encontra o suspeito, estava a gostar da escrita e da história, mas comecei a ficar enfadada quando chegou a parte em que o suspeito explica porque cometeu os crimes (houve um outro homicídio). Foi nesse momento que passei a não gostar do livro, pois a transição da história da dupla para a história do homicida não foi nada bem executada. Por momentos, pensei que estava a ler um livro totalmente diferente, até porque não estava a reconhecer a escrita do próprio autor. Doyle não deu qualquer informação de que iria contar uma "longa" história tendo o homicida como narrador. Foi uma mudança brusca e não gostei, apesar de, depois, ter percebido que, afinal, não havia nenhum erro na minha edição e que continuava a ler A Study in Scarlet.
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Ilustração de D. H. Friston (1887). |
Doyle, de facto, soube criar um crime interessante e um suspeito que é movido facilmente pelos sentimentos, sem esquecer o lado racional. Também tem uma escrita relativamente simples ou, pelo menos, não muito complexa. Todavia, fiquei com a sensação de que deveria ter havido mais conteúdo, mais desenvolvimento relativamente às personagens e ao modo como elas operam. Perdeu-se muito na fraca exploração das habilidades quer de Sherlock Holmes, quer de John Watson. Posto isto, não fiquei muito surpreendida com Sir Arthur Conan Doyle, infelizmente. Será que a seguinte história foi melhor?
Classificação: 3/5 estrelas.
The Sign of the Four, também uma história narrada por John Watson, inicia com Sherlock Holmes aborrecido por não ter um caso entusiasmante para resolver. Entretanto, aparece Mary Morstan, uma jovem mulher que pede ajuda ao detetive para encontrar o pai. Durante seis anos, Morstan recebeu pérolas e, embora soubesse que estavam relacionadas com o desaparecimento do pai, ela não sabia como. Depois desses seis anos, recebe uma carta para se encontrar com alguém que tinha informações acerca do paradeiro do senhor Morstan. Enquanto Holmes fica curioso com o novo caso, Watson dá graças por ter conhecido uma mulher tão bela e astuta como Mary Morstan e, por isso, acompanha atentamente o caso. Há desaparecimentos, homicídios e tesouros em terras indianas e só Sherlock Holmes é capaz de chegar a uma conclusão triunfante.
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Mary Morstan, John Watson e Sherlock Holmes. |
Esta história foi um pouco melhor do que a primeira. Um pouco. Gostei do facto de ter mais ação, de haver mais desenvolvimento por parte das personagens e de a escrita se manter relativamente acessível. Há, ainda leves mensagens contra o racismo e a falta de consideração pelas mulheres. Ainda assim, foi uma outra história que me deixou aborrecida.
Classificação: 3.5/5 estrelas.
Concluindo, tinha expetativas quanto ao criador do detetive mais famoso do mundo. É, de facto, incrível como se pode usar a dedução e a ciência, em simultâneo, para se resolver um crime. Contudo, não são histórias muito surpreendentes.
E já leram alguma obra de Sir Arthur Conan Doyle? Se sim, qual é a vossa opinião?