Opinião: Madame Bovary, de Gustave Flaubert
Nota: Normalmente, não escrevo opiniões acerca das minhas leituras relacionadas com a minha vida estudantil, mas decidi ser diferente desta vez devido à falta de publicações aqui no blogue.
Madame Bovary, de Gustave Flaubert, foi publicado em 1857 e é um dos romances mais significativos do realismo literário francês. Na altura em que foi publicado, causou uma grande polémica devido ao tema principal retratado, o adultério. Tal polémica não agradou o autor, que queria ver o seu livro reconhecido pelo seu talento, não pelas acusações feitas pela sociedade. Mas é mesmo devido a esse escândalo, bem como às características realistas presentes, que o romance é estudado. Além disso, é uma das obras mais adaptadas da história da literatura, ou seja, muitos autores já escreveram livros, tendo como base o enredo deste romance. Por isso, e por muitas outras razões, estou a estudar este livro na Universidade.
O livro começa com a apresentação da vida de Charles Bovary, que viria a casar com Emma, a Madame Bovary do título. Emma é uma mulher que passou a juventude a ler literatura romântica e, por isso, sempre sonhou casar com um homem apaixonante e entusiasmante. Depois de casar com Charles, Emma percebe que ele não é esse tipo de homem e, assim, sente-se desiludida e frustrada, até que aparece Rodolphe, um homem burguês charmoso. Emma, então, passa a ter dúvidas: deverá agir como uma esposa fiel, mas aborrecida, ou será que ela pode tentar encontrar o homem ideal típico dos romances românticos?
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Imagem da adaptação cinematográfica de 2014. Mia Wasikowska como Emma Bovary e Logan Marshall-Green como Rodolphe (no filme, tem um nome diferente: Marquis). |
O problema foi, sem dúvida alguma, quando o Realismo começou mesmo a tornar-se mais evidente. Este movimento literário não me encanta nada, sinceramente. Por exemplo, não gostei muito d'Os Maias, apesar de reconhecer o mérito de Eça, claro. Contudo, não gosto nada das descrições objetivas que o Realismo tanto adora. Essas descrições são, de certo modo, "piores" neste romance, uma vez que Flaubert, através da literatura, queria encontrar a beleza estética. Posto isto, ele queria alcançar o belo através do seu estilo de escrita e, de facto, isso nota-se aqui. Ainda assim, ao longo da leitura, nunca gostei muito do estilo de Flaubert. Por mim, eu "cortava" muitas páginas deste livro. Mas o Realismo é mesmo assim, dava-se muito valor à objetividade e, por sua vez, às descrições baseadas na observação objetiva da realidade. Logo, não gostei da escrita de Flaubert.
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Mia Wasikowska como Emma Bovary. |
Tirando as descrições exaustivas, o enredo é relativamente simples. Há um momento de paz antes da mudança (antes e após o casamento entre Charles e Emma), o elemento desencadeador da mudança (queda e consumação da paixão de Emma e Rodolphe), a consequência da mudança e o fim. É claro que o adultério foi um assunto muito chocante na época de Flaubert, o que levou o público a causar um alvoroço de grandes proporções em torno deste livro. No entanto, não me parece que, em termos de enredo, o livro seja assim tão apelativo.
O que, para mim, torna o romance muito interessante é a panóplia de personagens e a diversidade de personalidades. Temos uma Emma apaixonada, mas dona de si mesma, um Charles carinhoso, mas medíocre, um Rodolphe sedutor, mas calculista, entre muitas outras figuras únicas e interessantes. Assim, gostei mesmo das personagens criadas por Flaubert.
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Imagem da adaptação cinematográfica de 2014. |
Concluindo, entendo porque Madame Bovary é um clássico da literatura universal e reconheço as suas qualidades, mas não é o meu "cup of tea", como dizem os britânicos. Ou seja, não cativou o meu coração de leitora.
Classificação: 3/5 estrelas.