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Opinião: The Cruel Prince (The Folk of the Air #1), de Holly Black

O livro já foi publicado cá pela Topseller.


The Cruel Prince, o primeiro livro da trilogia The Folk of the Air, de Holly Black, é um romance de Fantasia que que tem como protagonista Jude, uma rapariga que, na infância, bem como as suas duas irmãs, foi raptada por um homem que faz parte do mundo das fadas, que se mantém longe dos humanos. Aos 17 anos, Jude só quer fazer parte desse mundo mágico, mas cruel, um lugar que despreza os humanos. Para ganhar um lugar na corte, ela deve não só enfrentá-lo, como também sofrer as consequências. À medida que ela se envolve cada vez mais nas intrigas da corte, ela desenvolve as suas capacidades de enganar e fazer sangrar os outros. Contudo, quando uma traição ameaça o reino, Jude terá de arriscar a sua vida e ter uma aliança perigosa para salvar as irmãs e todas as fadas.


Holly Black é conhecida por ter escrito as Crónicas de Spiderwick, uma coleção que também foi escrita por Tony DiTerlizzi, e a coleção Magisterium, livros infantojuvenis que escreveu com Cassandra Clare. Contudo, penso que Black ficou ainda mais conhecida e passou a ser mais admirada quando publicou The Cruel Prince. De facto, este livro tem as suas qualidades, embora, para mim, não sejam muitas.


StarbitArt✨(Commissions Open!) on Instagram: “𝔍𝔲𝔡𝔢 𝔇𝔲𝔞𝔯𝔱𝔢 ✨ . I started reading Cruel Prince lately, and if you can't tell by my sudden need to paint fanart for it I'm LOVING it! I'm on…”
Fanart de Jude.
Fonte.


O enredo, lá no fundo, é bastante simples. Duas raparigas humanas e uma rapariga metade fada, metade humana são raptadas e levadas para um mundo de fadas, passando a viver lá com quem as raptou. Entretanto, uma delas, Jude, quer ser respeitada e levada a sério nesse reino, embora não seja uma fada. Por isso, ela decide fazer tudo por tudo para obter um cargo importante nesse mundo. No entanto, algumas fadas não gostam dela e maltratam-na. Além disso, as intrigas das fadas podem dificultar os planos de Jude, se bem que ela nunca desiste.
Para mim, uma das partes mais estranhas do enredo é o rapto. A autora não poderia ter inserido essas raparigas humanas de uma outra forma? Afinal, elas, ao crescer, acabam por não se importar com o facto de terem sido raptadas e de já não terem uma grande ligação com humanos. Mal pensam nos pais, por exemplo. Acrescento que a cena do rapto deu a entender que essa situação foi traumática para as três raparigas e, por isso, sempre achei que guardassem rancor para com o raptor e o mundo das fadas, mas isso só é visto numa das raparigas, uma que até tem uma relação com uma humana e gostaria de ter a vida que tinha antes. Quanto às outras duas, como Jude, vemos o contrário: querem imenso ficar no mundo mágico e desempenhar cargos importantes. De resto, acho que não tenho outros grandes problemas com as escolhas narrativas de Black. Contudo, também não me lembro de tudo o que li, pois a leitura foi realizada no início do ano passado. De qualquer forma, o enredo é fácil de compreender, tendo algumas surpresas interessantes aqui e ali. Tem coisas típicas dos livros de Fantasia, o que não é mau, claro. Ainda assim, as personagens são os elementos mais marcantes do livro.



Holly Black - The Cruel Prince (A kegyetlen herceg)
Aesthetic baseada em The Cruel Prince.
Fonte.


Jude não é a típica heroína de livros de Fantasia para jovens adultos. Normalmente, as personagens principais femininas apoiam o Bem e lutam contra o Mal, querem salvar os outros e não têm crueldade no seu coração, o que não quer dizer que não sejam capazes de lutar e de magoar alguém, claro. Jude é muito diferente dessas personagens. Ela é extremamente ambiciosa e, apesar de querer proteger e salvar os que ama, não sente muita culpa por criar e executar planos que prejudicam as vidas dos outros. Não lhe interessa se tem de enganar, mentir ou esconder coisas, pois o mais importante é ter o que quer. Ela, na minha opinião, é uma personagem "cinzenta", ou seja, não é inteiramente má, mas também não é uma boa pessoa.
Cardan também é como Jude, mas a autora criou um background que pode servir como justificação dos seus atos e comportamentos. Cardan cresceu como uma vítima nas mãos do seu irmão e do seu pai. Sofria danos físicos, psicológicos e emocionais. Mas será isto o suficiente para que o leitor crie compaixão por ele? Será que ter uma história de vida triste e repleta de violência pode justificar atitudes más? Acho que é isso que Black explora através desta personagem. Cardan é também um bully, pois está sempre a maltratar Jude por ser uma humana que age como uma fada. No entanto, parece haver uma paixão entre eles, algo que não gostei muito de ler. Não só vemos muito pouco dessa suposta paixão, como também eu acho que esta relação pode transmitir ideias erradas quanto a relações amorosas. Já chega de rapazes a maltratar raparigas e a gozar com elas porque "gostam" delas. Isso é tóxico e problemático. Não me interessa se ele escreveu uma carta onde só dava para ler repetidamente o nome de Jude. Ele foi mau para com ela desde o início e ela também não é simpática com ele. Não sei como a autora desenvolveu a relação deles nos próximos livros, mas penso que não era necessário ela criar esta relação. Bastava explorar a complexidade cinzenta das personalidades deles para ter uma história interessante.
As personagens secundárias são também interessantes, mas praticamente têm os mesmo traços das personagens principais. Os protagonistas são mesmo o ponto forte deste livro.



Fanart de Cardan.
Fonte.


A escrita de Black é simples e bonita. Não me pareceu ser densa e complicada como alguns grandes nomes do género da Fantasia. Consegue ser um pouco poética aqui e ali, embelezando mais o livro. Portanto, a escrita também é um ponto positivo de The Cruel Prince.


Concluindo, não me admira que The Cruel Prince tenha sido um sucesso lá fora e cá. Consegue ser um pouco inovador dentro da Fantasia para jovens adultos por ter muitas personagens cinzentas e dinâmicas fascinantes (se bem que, como já disse, não gosto da ideia da relação amorosa entre os protagonistas). Todavia, estava à espero de algo mais. Queria um universo mais bem explorado logo no primeiro livro e mais personagens com personalidades diferentes. Ainda assim, pode ser uma boa leitura para quem não lê muita Fantasia.


Classificação: 3.5/5 estrelas.



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