Opinião: The Winner's Curse, de Marie Rutkoski
The Winner's Curse (na tradução portuguesa: A Maldição do Vencedor), de Marie Rutkoski, marca o início de uma trilogia de Fantasia com fortes influências da história greco-latina que promete deixar o leitor sedento por mais.
Neste primeiro volume, seguimos as pisadas de Kestrel, filha de um general poderoso de Valoria, um grande império. A jovem tem duas opções relativamente ao seu futuro: ou faz parte do exército, ou casa-se. Contudo, ela não quer combater e também não quer estar nas mãos de um marido e, por isso, muitas vezes, rebela-se contra o pai. Ao passear pela cidade, Kestrel encontra Arin num leilão de escravos. Devido ao ambiente que a rodeava, ela compra-o, pagando um preço elevado. Em todos os sentidos. Quem é o misterioso rapaz que a desafia e que parece ser um belíssimo cantor? O que esconde Arin?
Apesar de ter lido o livro em maio, por vezes, penso nele e na mestria de Rutkoski em criar uma narrativa tão intensa e interessante como esta. Estamos perante um enredo repleto de intrigas, onde ser-se estratégico, inteligente e cuidadoso é um lema para quem quer ver os seus planos realizados.
A autora fez um excelente trabalho em criar táticas fascinantes, não só a nível de lutas físicas e de guerras, mas também entre quanto a jogos psicológicos.
Estamos, então, perante um livro que explora as relações humanas, quer o seu lado melhor, quer o seu lado pior. Não há momentos parados, pois há sempre ideias a aparecerem, planos a serem elaborados, vinganças a serem organizadas. É uma história que nos deixa com vontade de ler mais. Chega a ser extremamente viciante e o leitor sente que deve levar o livro para qualquer lado, uma vez que ele nos proporciona momentos entusiasmantes, capazes de nos fazer abandonar as nossas rotinas aborrecidas.
Um outro aspeto muito bom é a importância de realçar bem o contraste entre a vida de uma pessoa privilegiada e a vida de um escravo. A personagem principal feminina vive no meio da riqueza e, embora tenha noção da existência da escravatura e das consequências desastrosas de uma guerra anterior, ela nunca irá entender como é exatamente a vida de um escravo. Aliás, no início da história, Kestrel sente pena e compaixão relativamente àqueles que saíram prejudicados da guerra, mas nunca partilhou os seus ideais quanto à situação em causa. Tudo muda quando ela "compra" Arin. Ele será aquele que irá despoletar ação por parte da Kestrel. É ele que irá representar as vítimas das guerras, os escravos, e irá fazer a heroína questionar tudo o que a rodeia.
Por falar em personagens, Rutkoski, tal como na construção do enredo, foi impecável em criar personagens representativas, isto é, cada uma representa um tipo de vida e de pessoa. Como já referi, Kestrel representa aqueles que reconhecem o seu privilégio e o estado do mundo, mas não fazem muito para mudar a situação. Também representa a força feminina através da sua inteligência e astúcia, mas não tanto pela força física. Arin é aquele que quer lutar pelos seus e contra os opressores. Mostra, ainda, os sentimentos conflituosos de quem passa a conhecer o outro lado da luta. Já o pai da Kestrel é uma autêntica imagem das pessoas sedentas por poder e conquistas infinitas, pondo em causa a liberdade dos outros. Os amigos de Kestrel são aqueles que ignoram por completo as injustiças que os outros enfrentam, focando-se somente na riqueza e no divertimento.
Deste modo, temos um romance com personagens muito bem arquitetadas.
Apesar de ter lido o livro em maio, por vezes, penso nele e na mestria de Rutkoski em criar uma narrativa tão intensa e interessante como esta. Estamos perante um enredo repleto de intrigas, onde ser-se estratégico, inteligente e cuidadoso é um lema para quem quer ver os seus planos realizados.
A autora fez um excelente trabalho em criar táticas fascinantes, não só a nível de lutas físicas e de guerras, mas também entre quanto a jogos psicológicos.
Estamos, então, perante um livro que explora as relações humanas, quer o seu lado melhor, quer o seu lado pior. Não há momentos parados, pois há sempre ideias a aparecerem, planos a serem elaborados, vinganças a serem organizadas. É uma história que nos deixa com vontade de ler mais. Chega a ser extremamente viciante e o leitor sente que deve levar o livro para qualquer lado, uma vez que ele nos proporciona momentos entusiasmantes, capazes de nos fazer abandonar as nossas rotinas aborrecidas.
Um outro aspeto muito bom é a importância de realçar bem o contraste entre a vida de uma pessoa privilegiada e a vida de um escravo. A personagem principal feminina vive no meio da riqueza e, embora tenha noção da existência da escravatura e das consequências desastrosas de uma guerra anterior, ela nunca irá entender como é exatamente a vida de um escravo. Aliás, no início da história, Kestrel sente pena e compaixão relativamente àqueles que saíram prejudicados da guerra, mas nunca partilhou os seus ideais quanto à situação em causa. Tudo muda quando ela "compra" Arin. Ele será aquele que irá despoletar ação por parte da Kestrel. É ele que irá representar as vítimas das guerras, os escravos, e irá fazer a heroína questionar tudo o que a rodeia.
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Imagem retirada do Pinterest. |
Por falar em personagens, Rutkoski, tal como na construção do enredo, foi impecável em criar personagens representativas, isto é, cada uma representa um tipo de vida e de pessoa. Como já referi, Kestrel representa aqueles que reconhecem o seu privilégio e o estado do mundo, mas não fazem muito para mudar a situação. Também representa a força feminina através da sua inteligência e astúcia, mas não tanto pela força física. Arin é aquele que quer lutar pelos seus e contra os opressores. Mostra, ainda, os sentimentos conflituosos de quem passa a conhecer o outro lado da luta. Já o pai da Kestrel é uma autêntica imagem das pessoas sedentas por poder e conquistas infinitas, pondo em causa a liberdade dos outros. Os amigos de Kestrel são aqueles que ignoram por completo as injustiças que os outros enfrentam, focando-se somente na riqueza e no divertimento.
Deste modo, temos um romance com personagens muito bem arquitetadas.
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Imagem retirada do Pinterest, Tradução feita por mim: Não é isso que as histórias fazem? Tornar coisas reais falsas e coisas falsas reais? |
Tudo isto foi possível graças à escrita envolvente de Marie Rutkoski, sendo também genial em organizar uma história de Fantasia inovadora, até porque não envolve os elementos habituais de um livro Fantástico, como magia, dragões e afins. Contudo, é bom saber que esta trilogia baseia-se na História, mais concretamente no tempo em que os romanos conquistaram a Grécia e escravizaram os gregos. Assim, a autora mostra uma grande capacidade para "reformular" momentos históricos grandiosos.
Capa da edição portuguesa. |
The Winner's Curse é o primeiro passo numa viagem avassaladora focada na injustiça, na opressão, na dor, mas também no amor e na vontade de lutar por algo melhor. Com personagens cativantes e um enredo magnificamente construído, The Winner's Curse é ideal para quem adora livros inteligentes e que analisam a mente humana.
Classificação: 4.5/5 estrelas.