O Prémio Nobel da Literatura é considerado o mais importante galardão que qualquer autor pode receber. O galardão já foi concedido a 112 escritores (incluindo a vencedora deste ano) e foi pela primeira vez atribuído em 1901, ao escritor francês Sully Prudhomme. No ano passado, o vencedor foi Patrick Modiano, também de nacionalidade francesa. Muitas das suas obras encontram-se publicadas no nosso país graças à Porto Editora.
Hoje, dia 8 de outubro, a Academia Sueca, responsável pela escolha e pela divulgação do laureado, decidiu distinguir a escritora bielorrussa Svetlana Alexievich, sendo a 14ª mulher a receber o galardão. A Academia anunciou que a autora apresenta uma escrita "polifónica, um monumento ao sofrimento e à coragem no nosso tempo". Irá, então, receber o prémio monetário de oito milhões de coroas suecas (cerca de 860.000 euros).
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A Academia Sueca publicou esta imagem na sua conta oficial do Twitter, a fim de anunciar a vencedora do Prémio Nobel de Literatura de 2015: Svetlana Alexievich. |
A nova secretária da Academia Sueca, Sara Danius, indicou que a autora bielorrussa esteve "ocupada nos últimos trinta ou quarenta anos a mapear o indivíduo [do período] pós-soviético". A seguir, afirmou que "não se trata de uma história sobre acontecimentos, mas sobre emoções."
Andrei Zorin, professor de russo na Universidade de Oxford, apoia a decisão da Academia Sueca, uma vez que esta atribuição "é uma forte tomada de posição moral e literária, que defende os valores da vida humana em tempos de militarismo triunfante, e a dignidade pessoal dos que enfrentam ditaduras arrogantes".
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O Prémio Nobel da Literatura foi atribuído à escritora bielorrussa, Svetlana Alexievich. |
Svetlana Alexievich nasceu a 31 de maio de 1948, na Ucrânia. Cresceu na Bielorrússia, onde estudou Jornalismo, e, atualmente, é uma conceituada escritora e jornalista. Os seus livros estão traduzidos em 22 línguas, tendo, alguns, sido adaptados a peças de teatro e documentários. Antes do Prémio Nobel da Literatura, Alexievich já tinha recebido grandes prémios internacionais, como o Erich Maria Remarque Peace Prize, em 2001, e o National Book Critics Circle Award, em 2006. Em 2013, recebeu o Prémio Médicis Ensaio graças ao livro O Fim do Homem Vermelho, que foi também considerado o Melhor Livro do Ano pela revista Lire.
Em Portugal, já foi publicado, este ano, pela Porto Editora o livro O fim do homem soviético- um tempo de desencanto. Após o anúncio da Academia Sueca, a Topseller, editora portuguesa, informou que a sua chancela, Elsinore, irá editar, em breve, o novo livro da vencedora do Nobel da Literatura, Vozes de Chernobyl (título ainda provisório), uma obra de não ficção que assinalará os 30 anos do desastre nuclear de Chernobyl.
Este livro foi editado este ano, pela Porto Editora A sua sinopse foi retirada do site da editora portuguesa: Volvidas mais de duas décadas sobre a desagregação da URSS, que permitiu aos russos descobrir o mundo e ao mundo descobrir os russos, e após um breve período de enamoramento, o final feliz tão aguardado pela história mundial tem vindo a ser sucessivamente adiado. O mundo parece voltar ao tempo da Guerra Fria. Enquanto no Ocidente ainda se recorda a era Gorbatchov com alguma simpatia, na Rússia há quem procure esquecer esse período e o designe por a Catástrofe Russa. E, desde então, emergiu uma nova geração de russos, que anseia pela grandiosidade de outrora, ao mesmo tempo que exalta Estaline como um grande homem. Com uma acuidade e uma atenção únicas, Svetlana Aleksievitch reinventa neste magnífico requiem uma forma polifónica singular, dando voz a centenas de testemunhas, os humilhados e ofendidos, os desiludidos, o homem e a mulher pós-soviéticos, para assim manter viva a memória da tragédia da URSS e narrar a pequena história que está por trás de uma grande utopia. |