Sinopse oficial: No palácio da China imperial, uma concubina aprende rapidamente as várias técnicas para conquistar o coração do imperador, o Único acima de Todos: pintar a cara de branco, desenhar um sinal de beleza, fazer penteados elaborados… Mei é convocada aos 13 anos para a corte do palácio na China imperial, uma honra que resgatará a sua família, outrora nobre e influente, da miséria.
Porém, ela rapidamente descobre que para se aproximar do imperador e conquistar o seu coração terá de ultrapassar obstáculos perigosos. Como desconhece a arte da sedução, no dia do aniversário do imperador, Mei oferece-lhe um presente singular: uma adivinha. Porém, quando lhe parecia que estava em posição de seduzir o homem mais poderoso da China, Mei apaixona-se por Faisão, o filho mais novo do imperador. Contudo, uma tentativa de assassinato ao imperador provoca uma luta terrível pelo poder na corte imperial. E Mei terá de se servir das suas excelentes capacidades de inteligência, sabedoria e engenho para escapar e salvar o amor da sua vida.
Baseando-se em factos reais, Weina Dei Randel pinta de forma notável o quadro da China antiga, em particular da corte imperial, em que o amor, a ambição, a intriga e os jogos de poder podem determinar a vida ou a morte.
Este livro baseia-se numa figura da História da China, a Imperatriz Wu Zetian. Neste livro, ela chama-se Mei e é uma rapariga que nasceu numa família nobre que, devido à morte do pai, caiu na desgraça. Mei vê que as coisas podem melhorar quando é convocada para ser uma concubina do imperador. Não faltam intrigas, traições e táticas inteligentes que deixam o leitor curioso até chegar à última página. Mas será o livro sempre assim tão bom?
A linha narrativa não é complicada: Mei quer salvar a sua família da miséria e, por isso, ao ser convocada para ser concubina, aceita sem problemas. Aliás, ela promete a si mesma que fará tudo para estar no topo da hierarquia das concubinas, ou seja, ela pretende ser A Mais Adorada, uma posição de respeito e de alto nível que garante segurança e uma vida relativamente boa. No entanto, há problemas políticos que nada têm a ver com ela que poderão dificultar os seus planos, já para não falar que ela acaba por se apaixonar pelo filho mais novo do imperador. Posto isto, por um lado, temos Mei como uma jovem que gostaria muito de ser uma rapariga normal e livre para poder estar com quem realmente ama. Por outro lado, temos uma Mei astuta que quer ajudar a sua família e ganhar poder. Este contraste entre a ingenuidade e a pureza do amor entre Faisão e Mei e as intrigas políticas e a vida de concubina foi feito de forma interessante e tornou a história mais rica.
Desconheço a História da China, mas penso que a junção equilibrada dos factos históricos com a imaginação da autora funcionou muito bem neste livro, captando a atenção e o interesse do leitor. Realço, no entanto, que é uma leitura lenta e pode dar a sensação de que nunca mais acaba, mesmo quando os pormenores históricos e as personagens são interessantes.
A violência, a deslealdade, a desconfiança e o medo são coisas que vêm com o poder imperial e isso está muito bem explícito ao longo da história. Comentários sociais sobre o papel da mulher num mundo onde o poder é só dos homens também estão muito presentes neste livro. Devido à hierarquia das concubinas, há muita competição, raiva e inveja, mas também há espaço para a amizade e a entreajuda. Algumas são muito influentes e, de certa forma, acabam por ter o seu próprio poder, mesmo que sejam, ainda assim, dependentes e inseguras quanto à sua vida. É neste ambiente que Mei, que entra nele aos 13 anos, aprende a ser perspicaz, sedutora e inteligente. É muito interessante vê-la a desenvolver-se e a transformar-se numa mulher com potencial enquanto os homens não se apercebem disso devido aos seus próprios planos e conspirações.
Capa da edição dos EUA.
A criação de personagens complexas que se desenvolvem ao longo da história é, assim, um ponto forte e positivo de Weina Dai Randel. São personagens credíveis com atitudes e pensamentos expectáveis tendo em conta a situação de cada um. São, por isso, personagens muito humanas. São figuras que compõem um elenco muito diversificado em termos de objetivos e maneiras de ser. Existem pessoas honestas e simpáticas, pessoas mentirosas e egoístas, pessoas ingénuas e tontas. Estas personagens, quer as que têm objetivos políticos, quer as que apenas querem sobreviver, fazem com que este romance seja cativante.
Apesar disso, penso que a relação amorosa entre Mei e Faisão deveria ter sido mais desenvolvida. A pureza do amor deles é palpável, mas não suficientemente encantadora.
Por fim, relativamente à escrita, esta não é floreada, mas sim clara e precisa, não sendo aborrecida ou menos fascinante. As descrições da vida na corte imperial são equilibradas e visuais. Entra-se facilmente no cenário graças às descrições das roupas, das tradições, dos eventos e da arquitetura do palácio. Digo que são equilibradas porque não tornam o livro enfadonho e, pelo contrário, enriquecem-no. A escrita também mostra o trabalho que a autora teve na sua pesquisa histórica e como ela conseguiu transformar essa pesquisa num romance histórico intrigante e não num livro de ficção que se parece mais com um manual escolar com um pouco de imaginação.
Capa da edição da Tailândia.
Em suma, A Imperatriz da Lua Brilhante é fascinante graças às descrições cinematográficas e envolventes sobre a vida na corte imperial chinesa (desde as roupas até aos espaços do palácio) e às personagens muito humanas e complexas. Acrescenta-se, ainda, o talento da autora em escrever um romance histórico que não se pareça com uma aula de História. É pena o facto de a relação entre Mei e Faisão ter aparecido rapidamente e não ter tido grande desenvolvimento. O livro também pode parecer maçudo devido às constantes conspirações e momentos da vida palaciana um pouco repetitivos. Ainda assim, é uma leitura interessante.
Classificação: 4/5 estrelas.