As Formigas Literárias vão continuar a ser opiniões pequenas, mas vão passar a consistir em, basicamente, quatro alíneas:
Qualidade da escrita;
Desenvolvimento do enredo;
Nível da leitura;
Personagens.
Tendo em conta que são leituras que foram realizadas há, pelo menos, dois anos, já não me recordo de muitos detalhes, mas tenho algumas ideias vagas das leituras em si e penso que estas alíneas, que encontrei no Pinterest, poderão ser boas orientações nestas Formigas. A partir de agora, farei estas opiniões desta forma.
As Formigas Literárias de hoje são sobre dois livros YA que li em 2020.
Four Dead Queens, de Astrid Scholte, é um romance de Fantasia YA que, entretanto, a Gailivro publicou em Portugal. O seu título é A Morte de Quatro Rainhas. "Keralie Corrington tem apenas dezassete anos e parece inofensiva mas, na verdade, é uma mentirosa e uma das ladras mais habilidosas de Quadara. Varin, por outro lado, é um cidadão íntegro da região mais desenvolvida de Quadara, Eonia. Os dois conhecem-se quando ela lhe rouba um objeto muito importante, colocando a vida dele em perigo. Ao tentar recuperar o que lhe foi roubado, Varin e Keralie veem-se envolvidos numa conspiração que matou as quatro rainhas de Quadara.
Sem alternativas e a fugir do ex-patrão de Keralie, ambos percebem que a melhor opção é unirem-se para descobrir o assassino e salvar as suas próprias vidas, no entanto, a aproximação é perigosa e um romance floresce.
Keralie e Varin são obrigados a superar os seus segredos mais sombrios na esperança de terem um imprevisível futuro juntos, mas primeiro precisam de permanecer vivos e descobrir a razão por detrás da morte das quatro rainhas da nação".
Qualidade da escrita: Estamos perante um livro que mistura Ficção Científica com Fantasia e, assim sendo, poderíamos ter uma escrita muito pesada e extremamente detalhada, mas não é esse o caso. Na realidade, é leve e simples, mas é pena que não se destaque dentro do género, ou seja, que não seja suficientemente brilhante. Ainda assim, como primeiro livro desta autora, dá para ver que tem muito potencial.
Desenvolvimento do enredo: Ocorre de forma um pouco lenta, principalmente a meio. Os últimos capítulos contêm a intensidade que o livro merecia ter tido como um todo. O melhor ficou para o fim, o que foi uma pena, pois a leitura estava a ser aborrecida a meio. A autora deveria ter criado alguns momentos mais explosivos nos capítulos do meio para tornar a leitura mais equilibrada.
Nível da leitura: É um bom pontapé de saída para quem não tem experiência no mundo da literatura da Fantasia, pois não é fortemente detalhada, mas é suficientemente rica na construção do mundo e das personagens para manter o leitor minimamente interessado (apesar, como disse, do enredo morno).
Personagens: É muito comum os livros de Fantasia terem um elenco enorme, mas não é exatamente o caso deste romance, se bem que não deixa de ter um leque curioso. Ainda assim, Keralie, Varin e as Rainhas poderiam ter sido personagens mais complexas, se bem quegostei mais de conhecer as Rainhas do que Keralie e Varin. De qualquer modo, a autora atribuiu um plot twist fenomenal à Keralie. Foi, sem dúvida alguma, um dos pontos mais fortes do livro.
"Serenatas românticas, beijos à chuva e declarações de amor épicas... Isto só acontece nos filmes!
A Audrey não quer saber de amor nem de paixões piegas. A vida dela já tem drama que chegue! Para fugir ao caos que se instalou em casa, ela arranja um trabalho no cinema local, sem imaginar que é precisamente aqui que vai encontrar um drama chamado Harry.
O Harry é um aspirante a realizador de cinema e encaixa em todos os clichês lamechas dos grandes romances. Rosas vermelhas, velas e charme de bad boy, ele vai tentar de tudo para conquistar a descrente Audrey. Mas, por favor, poupem-na! É bem sabido que o amor da vida real não é como nos filmes, certo? Ou talvez a Audrey se surpreenda...
Isto Só Acontece nos Filmes recebeu excelentes críticas e é um romance sobre romance, um grito feminista aos estereótipos impostos às jovens raparigas e uma leitura absolutamente hilariante."
Qualidade da escrita: Não é marcante, mas entretém e fará as delícias aos jovens leitores que ainda não sentem um grande amor pela leitura. É uma escrita simples e perfeita para adolescentes.
Desenvolvimento do enredo. Desenvolve-se com naturalidade e sem pressas, apesar de ter certos vazios. Acho que ainda tinha mais espaço para, por exemplo, desenvolver mais personagens como o Harry e, ainda, outras questões da vida da protagonista. Apesar disso, é um enredo que entrega bem outras coisas que promete, como a desconstrução de clichés dos filmes românticos e a exploração dos estereótipos incutidos nas mentes das raparigas, principalmente quanto às questões amorosas e sexuais.
Nível da leitura: Um YA que foi, de facto, escrito para os adolescentes, mas que também serve como uma porta entreaberta para os adultos sobre as mentes jovens e como os problemas dos adultos afetam os mais novos. Aconselhado para quem procura por um romance contemporâneo YA que, realmente, quebra os clichés do universo YA.
Personagens: Audrey é uma personagem complexa e interessante de se acompanhar por ser complexa e humanamente imperfeita e realista. Infelizmente, não me recordo muito bem das restantes personagens, a não ser o facto de achar que o Harry deveria ter tido uma construção mais sofisticada e elaborada.
O que acharam destas Formigas Literárias? Já leram estes livros? Se sim, o que acharam destas leituras?
Como tenho opiniões acumuladas desde 2020, optei por voltar a escrever Formigas Literárias, ou seja, opiniões mais pequenas e realizadas em grupos.
Em primeiro lugar, vou falar sobre Strange the Dreamer, de Laini Taylor. Neste primeiro livro de uma duologia de Fantasia YA, o sonho escolhe o sonhador.
Desde os seus cinco anos, Lazlo Strange está obcecado com a mítica cidade perdida de Weep, mas seria necessário uma pessoa mais corajosa do que ele para ir procurá-la. Depois, uma grande oportunidade surge na figura de um herói chamado Godslayer e num bando de guerreiros lendários. Ele deve pegar na oportunidade ou perder o seu sonho para sempre.
O que aconteceu para fazer desaparecer Weep? O que Godslayer matou e que era visto como deus? E qual é o problema misterioso que ele deve agora procurar resolver?
As respostas estão em Weep, bem como muitos mais mistérios, incluindo uma deusa de pele azul que visita Lazlo nos seus sonhos.
Infelizmente, não consegui ver neste o encanto que senti num outro livro desta autora que já li, A Quimera de Praga. A escrita é muito poética e bonita, mas é precisamente isso que acaba por estragar um pouco este livro. Parece que a autora só quis tornar o texto belo e não se esforçou tanto no enredo e na criação das personagens. Normalmente, gosto de escritas mais elaboradas e com pinceladas poéticas, mas isso foi um exagero aqui. Chega ao ponto em que é praticamente impossível lembrar-me da história. É verdade que foi lida em janeiro de 2020, mas não me lembro de nada. Mesmo nada. É um livro que não vai para além da escrita forçadamente bonitinha. Foi mesmo uma desilusão, pois A Quimera de Praga, para mim, tinha o melhor dos dois mundos: escrita fascinante e enredo intenso e inquietante. Também não gostei tanto da continuação d'A Quimera de Praga. Portanto, o melhor será desistir desta autora, o que me entristece um pouco.
Classificação: 2.5/5 estrelas.
O próximo livro é uma narrativa em verso contemporânea YA e foi escrita por Elizabeth Acevedo. Em The Poet X, Xiomara sempre guardou as suas palavras dentro de si. Quando tem de ser firme no seu bairro em Harlem, os seus punhos e a sua ferocidade é que falam por ela.
Mas X tem segredos: os seus sentimentos por um rapaz da sua aula de biologia e um caderno cheio de poemas que ela mantém debaixo da cama. E um clube de poesia slam que irá colocar esses segredos sob os holofotes.
Porque, apesar de o mundo não querer ouvi-la, Xiomara recusa ficar em silêncio.
É um lindo livro sobre racismo, feminismo, fé e a busca pela própria voz e perceber como usá-la. Através de um formato simples e cativante, Acevedo explora imensos temas e situações que são de extrema importância e que devem ser falados, principalmente perante um público mais jovem. É uma história brilhante e a sua protagonista é tão encantadora quer na sua sensibilidade, quer na sua força. Mais do que nunca, os livros YA são grandes fontes de entretenimento, de educação e de arte e The Poet X é um desses livros. Deixa-nos a querer saber mais da protagonista e da forma como vê o mundo, faz-nos aprender mais sobre os outros e nós mesmos e é de uma delícia literária única. Impactante e magnífico. Não me admira que tenha recebido tantos prémios.
Classificação: 5/5 estrelas.
E se formos nós, da dupla Becky Albertalli e Adam Silvera, marca o fim da publicação de hoje. É um romance contemporâneo YA sobre o amor, a amizade, a família e a adolescência. "Não sei se somos uma história de amor ou se o nosso amor é uma história.
Arthur só vai ficar em Nova Iorque durante o verão, mas ele acredita que isso não é impedimento para conhecer o grande amor da sua vida. Tal como entoam os musicais da Broadway de que Arthur tanto gosta, o universo pode fazer surgir uma paixão a qualquer momento, quando menos se espera…
Ben não acredita no amor. Ele só quer distância das conspirações do universo e dos seus planos secretos. Porque se o universo fosse realmente seu aliado, ele ainda estaria numa relação e não no posto dos correios para devolver todos os pertences do seu ex-namorado.
Um dia, Arthur e Ben cruzam-se. Um encontro aparentemente banal dá início a uma história de amor cheia de emoções fortes, percalços, contrariedades e desafios. Mas, afinal, o que terá o universo reservado para estas duas almas apaixonadas? Talvez nada. Talvez Tudo!"
Já conhecia Becky Albertalli e gostei dos dois livros dela que já li (O Coração de Simon Contra o Mundo e Os Altos e Baixos do Meu Coração). Ainda não conhecia o trabalho de Adam Silvera e espero ler os seus trabalhos a solo um dia. Apesar disso, não posso dizer que adorei este livro. Foi uma leitura agradável, mas acho que criei expetativas elevadas e não foi tão surpreendente e maravilhoso quanto estava à espera. Gostei mais de Arthur do que de Ben, talvez porque Arthur é o coração mole e inocente, enquanto Ben protege-se mais no que toca a sentimentos, por exemplo. A escrita é simples e penso que a dinâmica dos autores é boa. Do que já ouvi sobre Silvera, não me admira que Albertalli consiga trabalhar bem com ele e que tenham conseguido criar de forma tão natural esta história. Ainda assim, faltou qualquer coisa. As personagens principais poderiam ter sido mais únicas, por exemplo, e as secundárias poderiam ter tido mais vida, digamos assim. E concordo com as pessoas que dizem que as constantes referências de cultura pop foram exageradas. De qualquer forma, é um livro que pode ser dado a um adolescente relutante quanto à literatura.
Classificação: 3/5 estrelas.
Por agora, é tudo. Já leram estes livros? Se sim, gostaram deles?
Para quem não se lembra, criei há uns tempos uma espécie de rubrica onde iria escrever opiniões mais pequenas de livros que não gostei tanto quanto queria ou sobre os quais não tenho muito a dizer. A rubrica chama-se Formigas Literárias precisamente devido ao tamanho das opiniões e baseia-se em poucos parágrafos curtos sobre dois ou três livros.
Na publicação de hoje, pretendo falar sobre Dias de Sangue e Glória, de Laini Taylor, Coraline, de Neil Gaiman, e Hollow City, de Ransom Riggs.
Em Dias de Sangue e Glória, acompanhamos Karou, que finalmente sabe quem foi e quem é. Depois de se ter apaixonado pelo inimigo e ter sido traída, acaba num castelo de areia onde irá tentar recriar o universo do seu passado e fazer regressar as quimeras. Mas não consegue esquecer-se de Akiva, que também não consegue deixar Karou ir.
Este é o segundo livro de uma trilogia de Fantasia, Daughter of Smoke and Bone. O primeiro livro foi uma leitura magnífica e que me deixou entusiasmada o tempo todo. Contudo, não posso dizer o mesmo quanto a este segundo volume. Foi uma leitura parada e monótona. Além disso, tínhamos mais do mesmo relativamente às personagens. Tem algumas partes interessantes, como os processos pelos quais Karou passa para realizar a sua magia. Fora isso, não foi tão estupendo e viciante como o primeiro. Apesar disso, o estilo de escrita continua impecável e poético, sendo um dos pontos fortes da autora.
A seguir, temos Coraline, de Neil Gaiman. Coraline é um livro infantojuvenil, mas, nos últimos anos, tem sido lido principalmente por adultos. Tem como protagonista Coraline, uma menina que, um dia, decide investigar uma porta misteriosa da sua casa nova. É assim que ela descobre uma passagem secreta que tem como destino uma casa exatamente igual à sua, mas, ainda assim, também muito diferente.
No outro lado da porta, ela vê coisas muito estranhas, como anjos flutuantes, livros com imagens que se contorcem e pais que são exatamente como os seus! No início, eram simpáticos, mas, entretanto, revelam ser capazes de até aprisionar os verdadeiros pais de Coraline num espelho. Conseguirá ela salvá-los e regressar ao mundo real?
Li-o no outono de 2019 e, de facto, foi uma boa leitura outonal. Tem os seus traços estranhos e arrepiantes, sendo adequado para o Halloween. Gostei das mensagens do livro e da forma como elas foram exploradas neste livro. Vemos uma Coraline que deseja uma vida diferente, mas quando ela tem, de facto, uma vida diferente, ela pensa em voltar para a sua verdadeira vida e estar com a sua família verdadeira. Portanto, até que ponto os nossos desejos e sonhos poderão ser melhores do que a nossa realidade?
As ilustrações que acompanham a edição que tenho combinam bem com a história, pois são igualmente estranhas e têm uma aura assustadora.
A escrita do autor é simples e é ideal para o público mais jovem, sendo envolvente e simples.
Não tenho muito mais a dizer. Vi o filme primeiro, mas há muitos anos. Acho que este é um dos poucos casos em que o filme executou melhor a ideia do que o livro, que é o material original da ideia. Talvez seja por isso que não tenha gostado tanto do livro, embora tenha as suas qualidades. Recomendo este livro como uma leitura digna do Dia das Bruxas.
Hollow City, de Ransom Riggs, é o último livro desta edição de Formigas Literárias. É o segundo livro da coleção Crianças Peculiares da Senhora Peregrine. Se ainda não leram, pelo menos, o primeiro volume e têm interesse na sua leitura, será melhor não lerem esta opinião.
Jacob Portman queria encontrar respostas para a morte misteriosa do avô e foi assim que foi parar ao Lar da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares. Todavia, lá, só encontrou mais mistérios, como um lar cheio de crianças com poderes sobrenaturais que estão à guarda da senhora Peregrine, que as protege das criaturas perigosas que parecem determinadas a exterminá-las.
O lar é destruído e a senhora Peregrine fica em perigo. Jacob, que descobriu que também tem poderes, junta-se aos seus novos amigos para tentarem salvá-la. Mas ele encontra-se numa Londres que vive na Segunda Guerra Mundial e as ruas não são nada seguras para crianças que se encontram sozinhas... Jacob e os amigos terão de enfrentar desafios inimagináveis para se salvarem.
É verdade que já li este livro há dois anos, mas, infelizmente, não me lembro nada sobre ele. Só sei que achei o primeiro livro melhor do que este. A atmosfera misteriosa e nublada do primeiro volume mantém-se neste livro, bem como o uso perfeito das fotografias vintage, fotografias essas que fazem com que a história tenha uma carga real, embora, claro, seja tudo fictício. Mas acho que não há mais nada que se tenha destacado ou que tenha sido completamente diferente do livro anterior. De qualquer forma, é também uma boa leitura outonal.
Tenho opiniões de leituras de 2019 e, claro, de 2020 em atraso. Como alguns livros já caíram no esquecimento ou não me deixaram maravilhada, decidi que o melhor seria passar a escrever três ou quatro opiniões curtas numa única publicação. Portanto, sempre que virem o título "Formigas Literárias", já sabem que são opiniões não muito aprofundadas.
Vou começar pelo livro de Kristin Hannah, The Nightingale. Este livro de ficção histórica segue os passos de duas irmãs, Vianne e Isabelle, que vivem numa França invadida pelos alemães. Neste romance sobre a Segunda Guerra Mundial, temos as vivências daqueles que ficaram para trás, ou seja, aqueles que não foram lutar, mas ficaram nas suas terras, o que não significa que não tivessem sofrido muito. Vivianne, depois de ver o marido partir para a guerra, fica sozinha com a filha até aparecer um capitão alemão maléfico. Isabelle é uma jovem rebelde de 18 anos que lutará, à sua maneira, contra os nazis.
É, de facto, um retrato duro e sufocante de uma época horrível. Vemos de tudo um pouco, desde personagens mais frágeis até personagens lutadoras.
A escrita é simples e a autora soube mostrar bem os momentos mais violentos da história, como a violência física e a violência sexual. Também foi capaz de mostrar eficazmente, e sem tornar a história em algo doce, os momentos mais leves e não tão tristes.
Apesar de tudo o que indiquei, estava à espera de algo mais. Percebo a intenção de a atenção estar toda nas irmãs, que são, de facto, as personagens mais complexas e mais desenvolvidas, mas o livro seria mais rico se tivesse mais perspetivas.
4/5 estrelas.
De seguida, temos Samitério de Animais, de Stephen King. Louis Creed é um jovem médico que pensa ter encontrado um bom lugar em Maine. Um lugar onde é feliz com a mulher e os filhos. Além disso, tem uma boa casa e trabalha numa universidade. Um dia, decide explorar os arredores e encontra um cemitério de animais de estimação perto da sua casa. Depois desse cemitério, onde muitos túmulos apresentam caligrafias infantis, Louis encontra um outro cemitério, mas este tem forças malignas. As histórias do vizinho de 80 anos podem, afinal, não ser fruto da imaginação do idoso.
Gatilhos/Trigger warnings presentes no livro: Morte de animal de estimação, doença, morte de criança, luto, violência física.
Percebo o fascínio que as pessoas têm pelo King. Afinal, o que ele faz é obra. Já escreveu muitos livros ao longo da sua vida e gosta muito de explorar a mente humana e os seus aspetos mais negativos e sujos. Ainda assim, eu não consigo gostar muito dele.
De facto, a sua escrita nada floreada é um motivo que leva muita gente a adorar as suas histórias. A exploração da mente humana também é algo que fascina muitos leitores. Contudo, não achei as personagens nada de especial. Gostei do vizinho de 80 anos, o Crandall. Não gostei de como a esposa do protagonista praticamente existe para o prazer sexual de Louis e pouco mais. Vemos vislumbres dos momentos maternais, mas nada de especial. Ela é só alguém que faz parte da vida do protagonista. Louis é uma personagem não muito interessante, se bem que foi bom ver o pai ser o mais sentimental e mostrar o seu luto em relação a grandes perdas da sua família. Afinal, os homens também têm sentimentos e são humanos. Mas não gostei dele na mesma.
Uma outra coisa que me incomoda é o facto de tornar a cultura nativa-americana em algo maléfico e macabro. O cemitério, pelos vistos, tinha forças malignas por causa dos nativos. Esta coisa de tornar a cultura de um povo que não segue os padrões do homem branco em algo mau e que deve ser temido não deveria existir. Faz imensos estragos. O autor não precisava de usar mitos dos nativos para tornar a sua história mais assustadora e estranha. Bastava dizer: "olha, acontecem coisas mesmo muito macabras nesse cemitério, mas ninguém sabe explicar porquê". Pronto.
2.5/5 estrelas.
A última "Formiga Literária" é sobre Murder on the Orient Express, de Agatha Christie. Já todos devem conhecer Poirot, o grande detetive criado pela Rainha do Crime. Neste livro, Poirot está no Expresso Oriente, que para por um bocado devido aos estragos causados pela neve. Entretanto, descobrem que um americano foi assassinado a bordo. Ninguém pode sair do comboio até Poirot conseguir desvendar o mistério. Afinal, como é que pode ser complicado descobrir um culpado num grupo tão pequeno de viajantes, principalmente quando estão todos fechados num comboio?
Gatilhos/Trigger warnings presentes no livro: morte/assassinato (infelizmente, não consigo lembrar-me de outros gatilhos).
É a segunda vez que leio um livro de Agatha Christie. O primeiro que li foi And Then There Were None. Gostei imenso dessa história. Muito envolvente até ao fim. Não posso dizer o mesmo quanto a esta aventura de Poirot. Primeiro, não gostei nada de conhecer Poirot. Demasiado altivo para mim. Posso dizer que os motivos do crime foram muito bem explorados e, de facto, fazem o leitor sentir como se alguém estivesse a apertar o seu coração. De resto, não achei nada de especial. O livro que mencionei anteriormente foi muito mais empolgante. Este soube a pouco. De qualquer forma, a escrita de Christie é ideal para histórias de crimes e ela tem muito talento no que toca a fazer o leitor sentir todo o tipo de emoções, principalmente nos momentos em que os culpados e as suas razões para cometerem um determinado crime são revelados.