Illuminae, da dupla Amie Kaufman e Jay Kristoff, é o primeiro livro de uma trilogia de Ficção Científica que veio alterar a forma como se conta uma história sobre o espaço, naves, a inteligência artificial e a ganância humana através de emails, relatórios médicos, ficheiros militares, entrevistas e outros documentos.
Estamos no ano de 2575 e seguimos a aventura de Kady que, numa manhã, pensava que o único problema que teria de enfrentar era acabar com o namorado, Ezra. No entanto, os dois estão no meio de uma guerra entre duas coorperações rivais que acaba por destruir o planeta das duas personagens. Entretanto, surge, ainda, uma praga que sofre mutações, deixando morte e devastação pelo caminho. É, portanto, um livro repleto de enigmas e ação. É uma leitura que, rapidamente, capta a atenção do leitor. A história está bem desenvolvida, não há momentos mortos e o formato usado é algo único e curioso. O facto de ser contado através de ficheiros que parecem ser oficiais pode assustar os leitores menos experientes no género da Ficção Científica, mas a leitura dos mesmos é muito simples e habituamo-nos depressa à sua forma. É um conceito original e muito interativo, parecido com os vídeo jogos, mas em papel.
Fanart retirada do Pinterest. |
Devido ao formato, pode haver dúvidas quanto à qualidade da escrita. Afinal, uma história contada através de documentos não é a mesma que uma história com um narrador propriamente dito. No entanto, para poderem usar este formato de narração, é mesmo necessário um certo talento com as palavras. A escrita deve ser simples e interessante e não deve fazer o leitor fugir por ser algo novo. Esta dupla conseguiu, então, escrever de maneira acessível e fluida, o que, muitas vezes, não acontece em livros de Ficção Científica. Na realidade, é recorrente vermos uma história complexa com uma escrita impenetrável. Não é o que acontece com Illuminae.
É necessário relembrar que este livro foi escrito a quatro mãos, ou seja, por duas pessoas que, certamente, têm estilos muito diferentes. Apesar disso, conseguiram harmonizar os seus talentos e criaram uma história espantosa e viciante.
As personagens foram também bem concebidas. Parecem-nos muito vívidas e tornam a história mais real, na medida em que o leitor entra mesmo na história e não quer sair dela, pois quer continuar a saber mais sobre as personagens. Destaco Kady, pois é uma rapariga que tem habilidades na área da programação. Cada vez mais aparecem personagens femininas que destroem as típicas imagens ligadas à mulher, isto é, mulheres preocupadas com compras, maquilhagem, namorados, etc. A existência de tais personagens não é inválida e, claro, podem existir, até porque há mulheres assim na vida real e não há problemas quanto a isso. No entanto, é preciso alterar a ideia de que as mulheres não conseguem ocupar lugares ou ter capacidades que, normalmente, são associados aos homens. Neste caso, é bom ver uma jovem que consegue hackear e alterar e aceder a programas de computadores, não sendo apenas uma adolescente com problemas amorosos. Kady acaba por ser uma personagem muito diferente daqueles que existem nos livros Young Adult. A personagem masculina, Ezra, ao contrário de outros rapazes literários, é emotivo e faz tudo para salvar quem ama. São personagens que, de certeza, irão cativar, principalmente, os leitores mais jovens.
Uma outra personagem importante é o programa que equivale à Inteligência Artificial. Ao dialogar com Kady, o programa faz decisões e tem pensamentos humanos, deixando, no ar, o medo de que, talvez, um dia, aconteça o mesmo na vida real. Será que a tecnologia irá eventualmente conseguir vencer o ser humano? Será que a Inteligência Artifical irá superar a inteligência humana? Penso que a o lado "racional" deste programa tornou o livro ainda mais estimulante e, de certo modo, assustador.
Uma das frasesmais emblemáticas do livro. Imagem retirada do Pinterest. |
Concluindo, Illuminae é um forte ponto de partida para uma trilogia que promete inovar a Ficção Científica, usando, de forma inovadora, os elementos científicos típicos do género. Explora bem o ser humano, principalmente a partir do foco de dois adolescentes. É um livro alucinante que nos deixa a pensar sobre as capacidades da tecnologia e como a Humanidade deveria ser mais responsável e cuidadosa para que não seja destruída. Aconselho a leitura desta história explosiva a leitores que admiram naves espaciais, personagens aventureiras e momentos cheios de ação.
Classificação: 4.5/5 estrelas.